Chegou

Cada dia que passava eu achava que seria aquele o dia. Cada vez que ouvia algo lá fora eu respirava mais rápido e corria até a porta e procurava de onde vinha. Era você, era o vento ou era eu cochilando mais uma vez? Você já respirou como se fosse pela barriga? O ar parece que tá todo lá e nossa respiração fica pesada. Fiquei até cansado de subir até aqui. Não quero mais sentir dor de cotovelo por que lá eu não consigo morder e nem ver direito o que me dói. Quero sentir dor de partida, de parto talvez até, mais uma vez só e basta. Quero ver a lua como ela realmente aparece no céu. Tô cheio de vê-la tão cheia de mim e de você. Mas que ela é bem bonita em dia frio com você pertinho, isto ela é. Mesmo se é só quando estou com os olhos fechadinhos, fechadinhos. Tentei falar com você até por telepatia, para ver se algo acontecia, se eu ganhava tempo, se respirava melhor, se parava de pensar lucidamente, se me copiava em seu desktop, se me parava no sinal, se me atropelava sem me ver, se me cantava sem eu notar, se me matava de gozar, se me sentia ao seu redor, se me escrevia um scrape, se me add, se me punha um depô, se me ouvia te gritar, se fazia chover, se sentisse frio, se eu pudesse ir até você, se eu não estivesse aqui e sim aí. Mas durona de coração bom, me colocou no meu lugar que é aqui. Nada é pior do que não poder te ter. Mas ter pra você, não acrescenta linhas na sua mão, nem rugas no seu belissímo rosto de princesa holandesa, nem poderia porque seria um pecado. Eu sei. Acho um desperdício jogar fora tanto o "se" como também é uma loucura aproveitar o "sim". Ah! Sim! o silêncio é sábio, a espera é para o paciente. Já sei! Serei paciente e esperarei a perfeição em matrimônio, em patrimônio, em patermônio e não esperarei para ficar mais doente. Eu quero uma doutora! Em psicologia, em desportos, em balé, em capoeira, em fazer sorrir e sorrir, em simpatia, em alegria, em que sorriso, em que voz deliciosa, em sabedoria, em dizer não em não dizer sim, em me gostar, em me suportar, em me fazer sonhar, em sem perceber, em sem me fazer esperar, em me inspirar, em me fazer sofrer e em me fazer de paciente, sem doença. Quero cheirar a doce memória de algum dia ter tido você quase minha, em mim. Apenas pra você menina do apartamento 27, eu falei baixinho no hall do prédio, perto da piscina, você lembra? Preciso te falar 10 minutos... E foram anos, os dias que te imaginei.

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