To be continued

Tânia e a Fonte Seca

Resolveu parar. Havia dirigido, pensando nela, é claro, durante muito tempo.
Não tinha certeza se teria combustível suficiente para atravessar um imenso deserto que agora ele via pela frente. A noite era fria. Embora a lua estivesse minguando, como suas forças, o clarão fazia aparecer sombras aqui e ali.
Dirigir a noite sempre foi um problema que tentava evitar pois exigia uma concentração muito grande, sua cabeça dilatava. O esforco para se concentrar na estrada era enorme, esforço que ele não queria . Sua atenção estava quase toda voltada durante toda a viagem as últimas palavras que ele ouvira dela.
Estivera com ela muito próxima de seu rosto, chegou a aspirar do mesmo ar que respirou. Olhou seu perfil meio duro, seria sofrida? Era bonita sem dúvida, estava descobrindo outros pontos de seu corpo para que gostasse mais ainda dela. Os seres humanos são assim, pensou ao se notar observando sua orelha, seus cabelos cacheados, suas pintas, seus detalhes. Detalhes.
Os seres humanos são assim, olham os detalhes.
Forçou as costas contra o estofado do carro parado debaixo da árvore. Não fazia sentido parar debaixo desta árvore enorme, parecia uma aroeira, mas não era da luz da lua que ele procurava se proteger. Queria abrigo. Imaginou-se sentado ao lado dela, como mais cedo naquele mesmo carro, será que conseguia sentir seu cheiro? e se ajeitou no banco, como se esperasse que ela reclinasse seu corpo até o dele. Tocou seus cabelos a primeira vez e seus dedos procuraram o couro cabeludo, suas mãos tocaram sua nuca e sentiu o corpo dela se aninhar no seu peito. Estava dentro dele aquela mulher que quis para si.
Não teve dúvida que ela era parte dele ali naquele momento. Suspirou fundo o que fez seus dorso abaixar fortemente e ela fez um levissimo ruído. Você é linda pensou em dizê-la, mas ainda era cedo para confissões tão óbvias. Tinha este tipo de pensamento constantemente, achava que pareceria um tolo se dissese que já a amava. Riu de si para si. Ela notou o sorriso nos seus lábios, ele era quase transparente para todos, ele achava, e ela lhe perguntou por que sorria.
Começou, ela agora queria que ele fosse dela. Tudo era assim mesmo: tudo é somente nosso, nós somos donos únicos, senhores poderosos e supremos até que se torna necessário compartilhar o momento. Aquilo ali era o momento dele e se permitisse que ela tivesse exatamente o mesmo prazer que ele estava tendo, eles teriam que se amar. Amor compartilhado era muito grande para ele querer sentir no momento.
Afastou seu corpo e a olhou nos olhos, lindos como um fundo de mar Mexicano que vira em uma foto de turismo, era louco pra mergulhar, agora tinha com quem sonhar isto de novo, e então pegou em seus braço, sentiu sua carne em suas mãos, como era macia e lisa sua pele branca, aproximou seu rosto de seus lábios, como eram sedutores, pareciam ter sidos desenhados para serem beijados delicadamente e massageados por lábios como os dele. Pensou que talvez nem soubesse beijar mais, mas molhou o lábio superior com a ponta da líingua e este o inferior e sentiu um leve gosto de café. Não devia ter tomado nada. Aquela boca estava esperando algo grandioso. Então tocou os lábios dela e respirou fundo, junto com ela, e o tempo acabou...

Quelita

Esticou seu corpo dentro da barraca e sentiu suas costas estalando baixinho e seu contato com o fundo do chão duro de terra o fez querer levantar logo. Aquela hora, 5 e pouco da manhã , era a hora que mais gostava, pois se sentia dono daquele acampamento. Ninguém ainda havia se levantado e podia fazer o que quisesse. Sempre sentiu isto em acampamentos; meio líder de tudo, responsável por todos. Aliás sua vida dali pra frente seria cada vez mais o de sempre estar a frente e as pessoas ainda lhe cobravam e delegavam esta posição. Esticou os braços e seus dedos esbarraram no tecido leve da barraca fazendo-o flutuar e sentiu um ligeiro gozo de prazer na vida. Estava em boa forma fisica, apesar da bebida e de algumas drogas leves que usava quando algum amigo lhe trazia. Sua natureza era contrária aquilo, mas mais uma vez o líder precisava ser parecido com seus liderados e usava aqueles pequenos, ainda, vícios para controlar a situação e muitas vezes usou e perdeu a noção de qualquer parâmetro incutido nele desde cedo. Mas naquela manhã ele não estava drogado ou tinha bebido, estava embriagado de prazer com o cheiro de dentro da barraca, acabara de fazer sexo e a temperatura de seu corpo estava ainda morna pelo esforço. Seu esperma havia se derramado e ainda sentia a umidade em seu corpo. Meio quente, meio gelado. Estranho que sentisse ainda pequenos prazeres como tocar naquele tecido, ou como agora, aspirar o docíssimo gosto do ar que começava a soprar lá de fora para dentro. Aspirou profundamente o ar frio da manhã e sentiu sua bexiga cheia; tudo era prazer naquele momento. Fez um esforço enorme para sair do torpor de prazeres que lhe dopava. Alguns atos mecânicos eram chatos pois pareciam obrigação. Estava um pouco cansado de regras, metas; havia feito isto durante os últimos vinte anos de sua vida. Sempre liderando equipes, pessoas, estabelecendo prioridades. Sua prioridade agora era ele e a delícia de viver solitário e consigo mesmo. Olhou o fecho da barraca e o abriu. O ar gelado entrou junto com a visão do topo das arvores, estava acampado em um alto de um plato que dava de frente para o vale que em sua volta tinha dois morros não muito grandes, mas que dava impressão que estava no sopé de uma vagina. Sorriu, era uma boa visão. A vida não era bem aquilo? O sexo era uma delícia que lhe exigia cada vez menos esforço de concentração e cada vez mais a atenção em cada detalhe lhe dava um controle sobre o qual tinha sempre quis...

Oração
Eu penso em ti Senhor agora que preciso de sua ajuda de novo.
Não tenho tido tempo pra pensar em Ti.
Mas sinto sempre seu toque de amor.
Sobre minha cabeça seu óleo me tem conferido a autoridade de seu amor.
Abra meus olhos para esta missão.
Desperdicei suas bençãos até aqui, mas suas mãos nunca estiveram distantes.
Nem seu amor acabou.
Porque seu amor é forte o bastante pra me carregar em suas mãos até suas terras Senhor.
Me faz livre em sua terras Senhor, pois é isto que espera meu coração...

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