ainda

os olhos em minhas costas, imaginação,
levaram-me a escrever trezentas cartas, duas poesias, quatro contos curtos.
onde conto o gasto do tempo; dezesseis horas no máximo e no mínimo,
o choro compulsivo e obsessivo por alguém que queria a mão na nuca,
o agachado ao lado.
era pouco.
mas era o muito que queria,
fazia o sentido parecer ser todo o sentido da vida, naquele momento.
era.
pelos olhos, pela vontade, que pensava ser igual,
que foram vistos juntos em bares, em vales, serras, cachoeiras. em camas nunca.
não houve tempo, o chão via as roupas e as paredes e móveis receberiam os corpos.
e as janelas? fechadas, cortinas abertas; para o ar não entrar,
os cheiros não saírem e os olhos, de alguns, verem:
o único momento que eram tudo, todos, o mundo, a vida.
sair e ter uma vida normal, depois de serem o mesmo ser, parece simples demais. mundano demais. tem que ser diferente.
então abro os olhos.
imaginar-te é ainda uma vergonha, uma tristeza de amanhã, já hoje.
desde ontem.
deve-se ao sofrido, meu sofrimento?
devo render-me silencioso ao que chamo de "não sei"?
conhecida por muitos, quase trezentos e cinqüenta, não a conheci, nem reconheci quando disse nada.
nada.
algo que precisamos, alguém que queira dá-lo.
alguém que queiramos dar-nos.
não sei. ainda não sei.
certezas de dúvidas que depois, de anos, se esquece, se desdenha.
arrumas outras. outra.
ou a mesma.

Comentários

Lêda Maria disse…
Tem selo prôcê no meu canto.

:**
Sonia Schmorantz disse…
“Nada há de mais poderoso que uma idéia
Que chegou no tempo certo.”
Victor Hugo

Tenha uma semana maravilhosa.
Abraço

Sônia
Lucas Vallim disse…
"arrumas outras. outra.
ou a mesma. "

Quase nunca muda.
Faça mais sexo. ponto.

Comigo deu certo rs.

Beijundas ^^
Nathália E. disse…
Sempre arrumamos outras dúvidas e outras pessoas.
Ou só as disfarçamos.

Beijo!
Iana disse…
Caro amigo...

Adorei receber seu carinho em meu jardim... espero que tenha trazido consigo flores frescas e seus perfumes...

Aqui tudo é lindo!

Um grande abraço
da rosa amiga
Iana!!!
Luana Camará disse…
Por entre palavras soltas, encontro-me e deixo-me perder novamente, seja pelo gesto ou simplesmente pela doçura da leveza do aparo que desliza suavemente pelas linhas impressas na folha de papel outrora imaculado e agora marcado pelo cunho da minha caligrafia.Flutuo e sou simplesmente eu.

Toco-te e sinto-te a percorreres o meu corpo falando uma linguagem só nossa.
Mergulho em ti e paro o tempo.

Encontro o meu porto de abrigo, o meu refúgio, o meu lar.
Sou feliz.Só. Assim me sinto no nada em que me encontro.
Respiro. O oxigénio alimenta e liberta a minha raiva, a minha dor.

Só. Um vazio enorme que me engole, consome, devora.
Escrevo. Solto todas as amarras que me prendem e estrangulam.

Só. Não o estou mas sinto-me, perdida no eu infinito que despertou e, inclemente, reclamou como sua a realidade em que me insiro.
Choro. Lavo a mágoa que me marca e fecho a ferida aberta no recanto escondido do meu coração.

Só. Vivo.

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