Postagens

Mostrando postagens com o rótulo água

rubra

Rubra. abre véus, nuvens vermelhas, despejas chuva, doce, caldalosa... Acolhida, língua. Sorvida, líquida, pura. Única e jamais igual, em minha garganta.

*tanta

sabe o que eu queria? queria, não passar frio, queria é sentir o frio. sem coberta, sem casaco, sem edredon. queria sentir fome, sem ter onde comer. queria sentir tanta sede que a garganta secasse. que eu não soubesse quando voltaria a ter água. eu queria sentir!

lábio(s)

lábios abertos e sobre eles os meus. rosa, e sobre isto digo; sobra água em minha boca, choras e sorvo a sua. lança-se para fora e acolho entre os meus, rogo, e sobre isto diz-me; sobra água em mim, eu choro, sorva-me.

penha

Guardar o resto dos verbos para que seja entregar, em mãos. Às tuas, sou teu. Em olhar-te nos teus grandes, encimados por duas negras curvas, chamam-me. Entregue-me ao riso, os teus, que fazem os meus. Derramo-me à sua frente, agacho-me, beijo-te os lábios. Tu sabes a sede, aonde será minha coberta, o cruzar das pernas, a coluna que não suporta o corpo, mas a ti. sim! Mente, mente... ah! a mente... Diga-me se a verdade desce a penha, à segurar pelos dedos a vontade do voluntário para o amar. Sustenta-me na palma de tua palavra, a não dita. Sigo-te por entre ti, volteio ao seu redor, encontro-me por buscar-me com tão grande entrega. Sou preso em ser liberto para te admirar. Guardo ainda o verbo encontrar.

envolto

Às vezes, sangue. Muitas vezes, água. E, estes, esvaem, deságuam e desandam sem parar. E tomam os caminhos abertos, que em curvas parecem que não vão. Mas nunca ficam parados, transbordariam no seu incessante. E nas bordas, sangue e aguaceiro, convertem palavras em amor. Em amor de rio cheio, vida, verbo de ser. Ver desde a margem é paixão fulminante. É chamada para mergulhar. E levando consigo, para sempre, o que já não é meu, congela o sorriso na felicidade.

terra

a terra tem olho azul e pele branca. suas águas me entornam e suas terras me têm.

com fundo raso.

- Ela? - Sim! - Não há vejo. - E o desejo? Passou? - Por mim. Ele passou. Mas está aqui ainda. - Agarrou? - Ela? Quis. Mas não. - Não! Não ela. O desejo. - Ele é que me agarrou. O leme. - Leme? Com este vento... - Vai me levando com vela é tudo. - Reza? - Não, raso. Raspa no fundo do meu casco.

Agora, depois das águas

V ocê é a pedra que vi no meio do mar. Ele me tinha. Deixei que suas ondas me levassem, como sempre. Mas, mal ele sabia, que eu já te via entre espumas de suas ondas. Vagas. Não me sentia náufrago, já que eu dormia, embalado por aquele mar. Sua maresia me inspirava a ir mais longe. Eu sabia que devia. Mergulhei várias vezes, olhei pra cima e vi. Luz do sol entre suas águas. Eu tinha que sempre voltar? Eu não sou do mar, minha natureza não me enganaria. Eu te veria! Várias ilhas, rochedos, continentes há neste mar. Eu tenho onde ir. Agora não há escolha minha pequena rocha. Depois do toque em suas bordas e depois de vê-la em pleno poder em meio a tantas águas. Preferi te abraçar como quem encontra salvação. E porventura não eres? Olho de volta para o mar e sei que terei que voltar. Escolho agora lucidamente e loucamente. Me deito sobre ti.