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olhei-me

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passei rápido pela porta passei-a. sequei o corpo e sequer. falando falei ouvir-me. olhei-me e não me vi.  

quatriste

tenho agora tantas dúvidas de mim mesmo que já não me animo. pergunta-me. pois se a resposta é vaga, a vaga vem e quebra a resistência. se a resposta é triste e sem esperança, é um vão a busca. e vão-se em volta os que não me escutam dizer; "vão embora!", "vão-se daqui de perto!". e soslaio o olhar para ver se aquele alguém não me ouviu, pensando ser com ela. tenho sorte de ser tão tímido, tão curta minha vista e tão distante meu horizonte, vertical curto. jaz feita a sorte. rarefeito por defeito de criagem. vão-se os dedos entre os dedos. sei que dedos são. sei! mas e as mãos? de quem são? me explico, quando mostro por dentro, por dentro, por dentro... não entendo. me sou só.

forma de (se) viver-se

sempre achei que triste era a forma de viver e de sentir-se, tão. e, hoje, morro. nela. à tristeza. tchin, tchin! (antiga expressão chinesa que quer dizer: saúde!)

quando?

quando TUDO dorme, meu SONHO some, minha vida PARA. quando a SUA voz dorme, meu grito INTERNO acorda.

*tanta

sabe o que eu queria? queria, não passar frio, queria é sentir o frio. sem coberta, sem casaco, sem edredon. queria sentir fome, sem ter onde comer. queria sentir tanta sede que a garganta secasse. que eu não soubesse quando voltaria a ter água. eu queria sentir!

pior?

que será pior será sonhar será não ter ser o outro sem ser será sonhar o pior saber não ter

tem

não tem coca não tem torta não tem diamante negro não tem luz não tem paz não tem raiz não tem leite não tem café sem açúcar não tem velocidade não tem poesia não tem montanha não tem rio não tem sampa não tem mar não tem flores não tem edredon não tem sol não tem moto não tem foto não tem por perto não tem piscina não tem suco de limão não tem cão não tem desabafo não tem tapete não tem sofá não tem lost não tem notebook não tem sombra não tem churrasco não tem cozinha não tem louça pra lavar não tem praia não tem livro não tem leitura não tem ouvido não tem ninguém não tem música não tem estrada não tem violão não tem pessoas não tem criança não tem solidão não tem lagoa não tem bicicleta não tem porão não tem estrela não tem céu não tem frio não tem bronzear não tem caminhada não tem foto não tem filosofar não tem paixão não tem mulher não tem sexta não tem impressão não tem temperos não tem beleza não tem cristão não tem ofício não tem distância não tem lugar não tem desconhecido n...

tâtonner

réunion. testaments. là-bas? besoins. l'égalité. rechercher. être?

cruzeiro

Contentei-me com a morte de parte, Aquele cruzeiro ao longe, branco lateral com o horizonte para todos os lados, A estrada sem entradas laterais ou cruzamentos de dúvidas, Com a neve sem frio, em fotos de fatos sem panos meus, Pasmado sem o ânimo no selim, sem a força do joelho agora quebrado, Com as frases em cima de outras, coloco-me sob seu mundo, Solitário com a falta dos meus pêsames, seus, Coloquei-me em bruços, de brusco, para os olhos do mundo, Contento-me em ser somente meu.
Não há ar o bastante no espaço que você deixou. Ando em volta da mesma mesa reparando nos farelos de pães, doces, que cairam de sua mão, e de sua boca, que não beijei nesta manhã. Me arrependo logo e me sento em sua cadeira, esta é sua somente, e vejo a marca de seus lábios no copo de café. Seus lábios ficaram aqui! São minhas suas linhas, as que sobem, as que descem e se cruzam. Porque não respirei o ar à sua volta quando estive ao seu lado? Sinto suas mãos sobre a mesa, toco seus dedos, olho seu olhar enquanto você vai aos poucos gastando o tempo, sozinha, bela e decidida a ir embora. Talvez tenha se esquecido sua chave ao sair e volte, então poderei falar que eu me importo, que eu ainda amo. Suave tristeza me vem por saber que não há volta, não há verdade, não haverá amanhecer com você. Não haverá ar.
E u sei que não é nada disso, meu amor. A ausência de sua cor em minha lente me deixa tonto, triste, desamparado. Você já notou que a cada momento ficamos mais lúcidos? Há, há! Quem dera. Sério agora, já notou que eu nada sei? E você não me enxerga, não me ouve e nem fala nada? Lembrei dos 3 macaquinhos... Há, há, há. Queria muito que fosse oficial esta forma de falar; falo, falo e falo pelos cotovelos, pela net etc. A força acaba. É isto que queres? Qualquer pessoa pode ser assim, acredite. Estou cansado de tudo. Não é somente cansado de te falar sem saber se você escuta. Meu bem dos outros, foi um acidente como aconteceu. Mas o quê aconteceu não foi acidente. A necessidade era minha. E continua sendo.

triste

me mostre onde paramos/para não amar/para não sorrir/para não não vermos. triste por não ter voz/nem ter minha vez/porque? pasmo/espasmo/parado em quase tudo/devagar/perdido/sem lastro junte/e/veja/como/estou sem/entender/você/ preciso/saber/se/toquei você.

Tristinho ou Alegrinho

Q ue saisse logo de dentro de mim o que eu queria falar. Não sei se a cena seguinte mudou por causa deste desabafo. Eu não me senti melhor nem pior. Apenas declarei e confesso que me senti um pouco ridículo, no frio todo que está fazendo, me descobrindo assim. Mas é este meu papel nesta história, meio Tristão, meio Dirceu. Senti mais tarde que quanto mais eu me aproximo da vida real, mais impossível fica representar o papel que eu tanto quero e que tantos sonham, noites e dias, o de um homem apaixonado. A esperança é que encontremos alguma saída que me faça crer que nada foi em vão. Sei que chorarei em algum momento desta história, pois eu a considero triste, e eu imagino que já sei o final. Não temos onde representar ou ensaiar e não temos experiência nesta arte. Preferia dar a volta e encontrar com você em outra história, talvez de amizade entre um homem e uma mulher. (Ai! que mulher linda). A arte é exposição de tudo e me expor, mais uma vez te digo, apesar da minh'alma de artis...