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mulher - reveja setembro de 2009

Não me faça um favor. Não me crie em sua mente. Não me tenha. Apenas me observe fazer. Ou ser. Veja quantas há em mim. Não sou sua. Sou minha e todas. Não sei quem sou, sou alguma, sou a louca, a menina, a moça. Sou uma mulher. Gênero. Única. Pessoal. Sou a bela. Queira-me em lembrança, em distância, em suas melhores e maiores vontades. Meu corpo pode estar em suas duas mãos, abrindo-se e recebendo. Minha pele te sente, minha boca tem a saliva que beberá da sua. Queira-me pela noite inteira. Toda. Sua. E de manhã me deixe em meus olhares. Em minhas considerações e sonhos. Sou uma mulher florescente

fortaleza

Não foi o corpo (apenas chamariz vestindo já o negro), que primeiro minha visada observou na fortaleza. Foram os olhos (miras de mirante futuro), que me levaram ao mergulho do qual ainda não saí. Fitei-os longamente e engoliram-me braços (entregues desarmados). E o coração (como sendo a antiga sede da alma), não se quis sozinho e acompanhando o pensar quedou-se (e aí está), esperando um toque dos dedos seus. Em seguida, vi o riso (que ainda hoje criança permanece), dizendo-me: - quero ser, quero ser. E quando dentro (como se dentro carregasse o outro também), vi seu corpo, completo, belo, significante (coberto de descobrires).

penha

Guardar o resto dos verbos para que seja entregar, em mãos. Às tuas, sou teu. Em olhar-te nos teus grandes, encimados por duas negras curvas, chamam-me. Entregue-me ao riso, os teus, que fazem os meus. Derramo-me à sua frente, agacho-me, beijo-te os lábios. Tu sabes a sede, aonde será minha coberta, o cruzar das pernas, a coluna que não suporta o corpo, mas a ti. sim! Mente, mente... ah! a mente... Diga-me se a verdade desce a penha, à segurar pelos dedos a vontade do voluntário para o amar. Sustenta-me na palma de tua palavra, a não dita. Sigo-te por entre ti, volteio ao seu redor, encontro-me por buscar-me com tão grande entrega. Sou preso em ser liberto para te admirar. Guardo ainda o verbo encontrar.

raio x

não! não tire as partes óbvias, as coxas, bundas ou seios. não tire o revistar, o raio-x, o tridimensional olhar. nem as apalpadelas. não me prive à... não me tire elas!

nem...

nem tanto, nem tão. apenas o bastante para parar. apenas o basta quereria. nem sim, nem.  não! o nem, para mim, disjuntiva, a sua conjuntiva.

primeira carta

Tento achar algo que possa ser longo o bastante para que estendas a mão e entenda a aspereza de quem quer servir-te Quando acordo, não é em você que penso logo, nem durante o dia ao menos, mas perto do meio dia, sim, eu me lembro de sua claridade. Diferentemente de outros dias, quando lembro de você, algo seu me anima. Sei que seus pensamentos são muitos, e, não quero ser confusão no meu modo de falar. Quem está mais próximo, à sua volta, pode abraçá-la, tocá-la e beijar suas mãozinhas, que imagino, sejam pequenas. Eu não. Isto me faz ficar mais próximo de você do que se realmente estivesse. É esta uma das emoções que tenho hoje. Não ter o que é de outros, de outras, de épocas ou de anos mais recentes que os meus, tem sido a rotina. Sei que sua sede de viver ainda será muita e esta sede não lhe faltará na vida, às vezes. A vida é assim mesmo, depois de vários outonos febris, verões esperançosos, primaveras e invernos tristes ou sombrios, ficamos menos dependentes da vida que esperamos ...
Não há ar o bastante no espaço que você deixou. Ando em volta da mesma mesa reparando nos farelos de pães, doces, que cairam de sua mão, e de sua boca, que não beijei nesta manhã. Me arrependo logo e me sento em sua cadeira, esta é sua somente, e vejo a marca de seus lábios no copo de café. Seus lábios ficaram aqui! São minhas suas linhas, as que sobem, as que descem e se cruzam. Porque não respirei o ar à sua volta quando estive ao seu lado? Sinto suas mãos sobre a mesa, toco seus dedos, olho seu olhar enquanto você vai aos poucos gastando o tempo, sozinha, bela e decidida a ir embora. Talvez tenha se esquecido sua chave ao sair e volte, então poderei falar que eu me importo, que eu ainda amo. Suave tristeza me vem por saber que não há volta, não há verdade, não haverá amanhecer com você. Não haverá ar.

Enfim

Seu sim é silêncio para mim, sua ausência é presença em mim, sua falta é ausente em mim. Tudo é assim com você; ao contrário, errado e eterno momento. Não tem chance para mim, Sem você é o fim. sua boca é um beijo, seu cabelo é um toque, seu corpo é meu abraço. Sem movimento eu vejo você, posando para mim, sorrindo assim, seus olhos em mim. Tudo assim é com você; princípio, meio, enfim.