início e fim

Transformo pedido em  acontecimento de fato, pois meu lado prático diz que não posso evitar o que me mandas. Esforço-me em tratar o não feito como sonho. É melhor para meu descanso, quando desço as pálpebras e não me chegam seus pertences. O que é seu continuará em algum lugar sendo seu, sabendo ou não, embalando ou não. Estranho não descobrir o que me tranca dentro de você e o que me deixa de fora da  minha vida. Estar na rua, com o sol que passa a ser seu, a ter uma cor que é sua, um calor que me lembrarei quando precisar de saudade, de ondas de delícia, de sabores inesquecíveis. Como não caber, como não sofrer o que me deu o gozo de ser seu, sendo tudo apenas meu. Concordo apenas durante o tempo que desço mais fundo. Agarrar algo para quê? Tudo que me toca o coração está no percurso, no caminho, na parada. Por onde eu vou. Acompanha-me a sorte de ouvir sua voz, seu sorriso, o cabelo que se incomoda com a moda da cor. Não me mudo, não me movo, não pisco o olho sem antes ver se perco o foco. Meu ângulo ou ponto de vista não é único, mas não desvio olhar de quem me inspira. Respiro, pausado, entrecortado. Espasmos de lucidez, loucura permanente querendo descanso, recreio. Tolero o tempo apenas quando não é você na memória. Nas suas horas ele não existe. Apenas vejo o fim do tempo e sei que nada aconteceu da sua parte. Como prometeu. Quero jogar no campo, nos campos, nas árvores, entre as folhas e folhagens tudo o que foi desperto, tudo que me faz duvidar, tudo que me faz entristecer. Devo? Onde estão as palavras desta peça, monologo, que choro por não ouvir? Amanhã está tão longe para mim que não sei se quero que exista. Que sabedoria é esta que não fala, não compreende, não repreende, não suspende. Apenas suspeita a espreita que há em todo o dia. Transforma seu silêncio em pedra sobre pedra, algo que não se sufoca, não comporta, não se comporta. Inaudível não. Inteligência estratégica, revolucionária. É assim que deve ser? Onde está esta receita, virão também as respostas de todos os porquês?

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