não tenho motivos. meus motivos não existem para ninguém mais, além de mim. não consigo pensar em nada além de um segundo atrás. tudo é dor nas lembranças.
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passa
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vão-se os motivos, as vontades, as buscas, as maneiras. vai-se o paladar, a escrita, o dito e o ouvido. fica quase nada, ou fica a vida toda, toda pesada, contada, lembrada. sem canção que seja tema. vira-se para o lado e para o outro, e do outro e do outro e do outro lado. arrastasse, esmorece, arrastasse, desfalece.
título apenas
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já não me lembro, minha memória se recusa a estar viva. minha doença parece que encobre tudo, tudo fica turvo, indisponível, inacessível. meus sonhos ou sonhar chegam ao título, rodeiam, leve massagem na necessidade diária. minha doença me dá medo, de ser só eu, agora sabendo que sou só. pior é não lembrar, não sonhar. viva em minha cabeça está a dor de agora mesmo, a do passado cheira mal em minha memória. queria chaves também, queria seus sonhos também, queria saber de amar, queria saber te amar também. queria ser outro, como de fora.
Onde?
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Não. Eu não sei mentir na maioria do tempo. Eu não sei também reagir a uma crítica. E também com elogio eu não combino. Quero consertar as pessoas. Não porque acho que a forma delas é errada em si. É uma sugestão para que tenham uma vida talvez melhor. Sou louco. Sempre fui chamado de menino maluquinho e nunca soube bem o porque disso. Queria ter certeza do que falo, do que prego. E aquilo que acredito, repito mil vezes, quem sabe assim acontece uma hora? Olhei muito longe. Tentei me explicar, me mostrar. Leio, em todos os cantos; pintadas nas paredes, e-mails e frases ao vento; que minha certeza não interessa.
E mais
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Queria ter as portas fechadas, travessas nelas passadas. Queria ter o vento soprado, atravessado os ouvidos. Quero ter o pouso suave, a sustentação de meu peito. Quero ser o verso, a calma, a admiração sem pressa nenhuma. Quero apenas uma, uma minha, sua calma. Quero o susto viver, e virar-me, e te ver. Quero apenas tudo do nada, nada. E mais.
conhece esta?
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foto roubada de http://sguenis.blogspot.com/ Quem sabe isso quer dizer amor Milton Nascimento Cheguei a tempo de te ver acordar Eu vim correndo à frente do sol Abri a porta e antes de entrar Revi a vida inteira Pensei em tudo que é possível falar Que sirva apenas para nós dois Sinais de bem, desejos vitais Pequenos fragmentos de luz Falar da cor dos temporais Do céu azul, das flores de abril Pensar além do bem e do mal Lembrar de coisas que ninguém viu O mundo lá sempre a rodar E em cima dele tudo vale Quem sabe isso quer dizer amor, Estrada de fazer o sonho acontecer Pensei no tempo e era tempo demais Você olhou sorrindo pra mim Me acenou um beijo de paz Virou minha cabeça Eu simplesmente não consigo parar Lá fora o dia já clareou Mas se você quiser transformar O ribeirão em braço de mar Você vai ter que encontrar Aonde nasce a fonte do ser E perceber meu coração Bater mais forte só por você O mundo lá sempre a rodar, E em cim...
a mente
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Guardar o resto dos verbos para que seja entregar, em mãos. As tuas, sou teu. Em olhar-te nos grandes, encimados por negras, que curvas, chamam. Ter-me entregue ao riso, os teus que fazem os meus. Derramo-me à sua frente, agacho-me, beijo-te os lábios. Tu sabes a sede, onde será minha coberta, o cruzar das pernas, a coluna que não suporta o corpo. Mas a ti. Sim! Mente, mente, mente. Diga-me se a verdade desce a penha, segurando pelos dedos, à vontade do voluntário para o amar. Sustenta-me na palma de tua palavra, a não dita, sigo-te por entre ti, volteio ao seu redor, encontro-me por buscar-me com tão grande entrega. Sou preso em ser liberto para te admirar. Guardo ainda o verbo encontrar.
fundo
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Saudade? Não falo. Não emito. Omito. Me conduzo arrastando as costas no muro e faço silencio. Como se não me ouvisse do outro lado. Baixo a cabeça e me arrasto na beira da cerca, para que, acaso me veja, pense que não tenho a enorme. A saudade tanta. E quando chega você, (me deixas calado da saudade, sinto) não falo. Continuo mudo e me calas fundo, beijando-me a boca.
relembre 4 de agosto de 2009
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terça-feira, 4 de agosto de 2009 fortaleza 7 comenta aqui porra! Não foi o corpo (apenas chamariz vestindo já o negro), que primeiro minha visada observou na fortaleza. Foram os olhos (miras de mirante futuro), que me levaram ao mergulho do qual ainda não saí. Fitei-os longamente e engoliram-me braços (entregues desarmados). E o coração (como sendo a antiga sede da alma), não se quis sozinho e acompanhando o pensar quedou-se (e aí está), esperando um toque dos dedos seus. Em seguida, vi o riso (que ainda hoje criança permanece), dizendo-me: - quero ser, quero ser. E quando dentro (como se dentro carregasse o outro também), vi seu corpo, completo, belo, significante (coberto de descobrires).
corta fora
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Mulher corta o marido fora. Polícia ainda procura o corpo. Rôshimi Sanguiçu, moradora de Hentai, vilarejo perto de Shangai, China, foi detida nesta manhã enquanto acalentava calmamente um enorme pênis, que descobriu-se mais tarde pertencer ao seu marido Diego San. Ela explicou que cortou o marido fora pois, segundo ela, queria se separar mas não da parte fálica do esposo. A polícia de Hentai ainda procura o dono da peça. A mulher foi levada para a casa de sua mãe juntamente com o enorme membro, escoltada por dezenas de outras mulheres da vila. Rôshimi: "Não aguentava mais aquele homem neste pinto"
Clair et rapide amour
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Eau qui se presse, qui court —, eau oublieuse que la distraite terre boit, hésite un petit instant dans ma main creuse, souviens-toi! Clair et rapide amour, indifférence, presque absence qui court, entre ton trop d'arrivée et ton trop de partance tremble un peu de séjour R. Maria Rilke Água que se apressa, que corre, — água esquecida que a distraída terra bebe, espere um minuto na concha da minha mão, recordação! Claro e ligeiro amor, indiferença, quase ausência indo embora, entre tanto chegar e tanto partir treme tua pouca demora.
Felicidade - Marcelo Jeneci
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Haverá um dia em que você não haverá de ser feliz. Sem tirar o ar, sem se mexer, sem desejar como antes sempre quis. Você vai rir, sem perceber, felicidade é só questão de ser. Quando chover, deixar molhar pra receber o sol quando voltar. Lembrará os dias que você deixou passar sem ver a luz. Se chorar, chorar é vão porque os dias vão pra nunca mais. Melhor viver, meu bem, pois há um lugar em que o sol brilha pra você. Chorar, sorrir também e depois dançar, na chuva quando a chuva vem. Melhor viver, meu bem, pois há um lugar em que o sol brilha pra você. Chorar, sorrir também e dançar. Dançar na chuva quando a chuva vem. Tem vez que as coisas pesam mais do que a gente acha que pode aguentar. Nessa hora fique firme, pois tudo isso logo vai passar. Você vai rir, sem perceber, felicidade é só questão de ser. Quando chover, deixar molhar pra receber o sol quando voltar. Melhor viver, meu bem, pois há um lugar em que o sol brilha pra você. Chorar, sorrir também e depois ...
colagens do caminho
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Sometimes we want more than can be to each other, I feel no echo time, and the day we need to discuss something really important? Will yell at me until I run out? Or will be hitting the whole house? Did you ever wondered if that's what you want? That will be interested in these things? "What is the difference between here and the future? Because everything will be different? " Is only to be beautiful because it is not reality, tired of being the annoying person in the relationship, that is disappointed that the charges and calls to talk, is not good to feel afraid of who you love, baby! It and the days pass, i'm not going to work. Everything is long gone, we can only keep moving, together ourselves. Is easy to talk alone, The hard part is listening here, know that there are long gone, i have read this in several places. Everything is long gone, we can only keep moving, of ourselves together
gasolina
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ele chegou e a viu com uma lata de gasolina na mão e na outra, fósforos. olhou em volta e viu três ou quatro caixas de papelão. reconheceu seus livros e outras coisas. olhou para ela e pensou em perguntar "onde está o disco do pixinguinha?" antes que dissesse, percebeu seu olhar blasé. ela disse: - você vai falar alguma coisa?
lembrei
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- quando começamos a nos falar... - o que? - quando começamos, eu prestava tanta atenção no que você falava que... - que...? - eu ficava meio dopado, sabe? - como assim? - eu me sentia meio na lua... - sentia??? - vem cá...vem... - vai molhar do lado de fora... - não tem problema, me dá um beijo. - tá molhando o chão... - ahan... você pisa com o pé molhado também...
body and soul
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My heart is sad and lonely For you I sigh, for you dear only Why haven't you seen it? I'm all for you body and soul I spend my days in longing And wondering why It's me you're wronging I tell you I mean it I'm all for you body and soul I can't believe it It's hard to conceive it That you'd turn away romance Are you pretending? Looks like the ending Unless I could have one more chance to prove Dear, my life's a wreck you're making You know that I'm yours for just the taking I'd gladly surrender body and soul
quatriste
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tenho agora tantas dúvidas de mim mesmo que já não me animo. pergunta-me. pois se a resposta é vaga, a vaga vem e quebra a resistência. se a resposta é triste e sem esperança, é um vão a busca. e vão-se em volta os que não me escutam dizer; "vão embora!", "vão-se daqui de perto!". e soslaio o olhar para ver se aquele alguém não me ouviu, pensando ser com ela. tenho sorte de ser tão tímido, tão curta minha vista e tão distante meu horizonte, vertical curto. jaz feita a sorte. rarefeito por defeito de criagem. vão-se os dedos entre os dedos. sei que dedos são. sei! mas e as mãos? de quem são? me explico, quando mostro por dentro, por dentro, por dentro... não entendo. me sou só.
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Escrito por Xico Sá às 15h58 21/05/2011 FOLHA DE SÃO PAULO Como observar a pessoa amada quando dorme Sábado é dia de murchar a bola do realismo aqui neste pedaço e ser, em outras palavras, muuuito romântico. Quem sopra o mote é o velho escritor Alberto Moravia, o comuna mais lírico do mundo, sempre aqui na cabeceira: "Amar, além de muitas outras coisas, quer dizer deleitar-se na contemplação e na observação da pessoa amada”. Está certo o romano e tem como avalista outro gênio, o recifense Antônio Maria -o grande cronista que aparece com ciúmes até dos apresentadores da tv no livro da Danuza: "Um homem e uma mulher jamais deveriam dormir ao mesmo tempo, embora invariavelmente juntos, para que não perdessem, um no outro, o primeiro carinho de que desperta." Experimente você também, sensível rapariga, vê o seu homem quando dorme. Há uma beleza nessa vigília que os tempos corridos de hoje não percebem. Amar é... vê-lo(a) dormindo. Como aí na ilustração picassi...
music for nothing
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I've been so many places in my life and time I've sung a lot of songs, I've made some bad rhyme I've acted out my life in stages With ten thousand people watching But we're alone now and I'm singin' this song for you I know your image of me is what I hope to be I've treated you unkindly but darling can't you see There's no one more important to me Darling can't you please see through me 'Cause we're alone now and I'm singin' my song for you You taught me precious secrets of the truth, with holdin' nothin' You came out in front and I was hiding oh yeah But now I'm so much better so if my words don't come together Listen to the melody 'cause my love's in there hiding ooh yeah yeah yeah yeah ohh I love you in a place where there's no space or time I love you for my life, 'cause you're a friend of mine And when my life is over, remember when we were toge...
o outro
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eu nasci no dia seguinte à morte do meu pai. alguém me disse, no mesmo corredor da nossa casa onde meu pai caiu e não se levantou mais: - agora você é o homenzinho da casa. precisa obedecer sua mãe e ajudar a cuidar de seus irmãozinhos. eu queria ser formiga nesta idade. ficava horas, no fundo do prédio da quadra 406, bloco d, brasília, olhando as formigas trabalhando. achava aconchegante o ninho. eu era o caçula. o que esperavam de mim exatamente? não entendi bem, mas depois. muito tempo depois aquelas duas frases pesaram em mim como luva de concreto em minhas costas. lembro do sol e do cheiro de rosas no enterro do meu pai, e, lembro também de tia célia pegando os pés do meu pai no caixão e puxando ele para baixo. último conforto. meias pretas finas. cheiro de rosas. nunca mandei rosas pra ninguém. apenas flores do campo que descobri não terem cheiro quase nenhum. tomava remédio naquela época, tinha eu seis anos pra sete. remédio grande, de ferro. fingia que engolia e ia pa...
triste
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triste por não falar o que quero, ou como quero. triste por não saber voltar. triste por pensar no que fica, e se fica. triste por não saber se falei, ou como falei. triste por pensar que não devia, ou porque não. triste por estar aqui. triste por não estar aqui. triste por ter medo, e por seu medo. triste.
Reveja domingo, 6 de julho de 2008
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Sente isto Ela ouve algo que deve ser importante, algo que lhe chama a atenção, que lhe trás uma sensação boa. Não era demais se parasse para ouvir. Parecia música, poema ou perfume. Aspirou fundo e prendeu-o durante alguns segundos, como que querendo reter partículas em seu ser. Sentiu que estava gravando em seu cérebro algo mais pra poder continuar vivendo. Era um momento bom, sentiu-se flutuando a alguns centímetros do chão e quando pousou já não era sua vida toda que importava, como a poucos instantes, mas aquele momento lhe faria diferença em toda ela. Ela era única, eterna para outros, a pessoa mais importante em toda situação. Soube que o que ela causava em outras pessoas era fruto completamente de si mesma. Via agora os objetos como se estivesse em volta deles e não ao contrário. Esbarrando nos braços dos que andavam com ela, controlou o ímpeto que lhe veio para dizer que ela sentia amor por todos. Estava em um único instante da vida e achava que já havia sentido isto antes,...
reveja sexta-feira, 21 de novembro de 2008
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era Era surdo, era mudo, era falado. Era tudo, era mundo, era fundo, era gritado. Era meu, era seu, era para mais ninguém. Era estrela, era planeta, era lua. Eram os meus olhos, os seus, eram olhares. Era pensamento, era momento, era saudade. Era suspiro, respiro, era sem ar. Era fome, era jejum, por dias inteiros. Era sonho, era insônia, era acordar. Era verdade, era mentira, era no meio. Era encontro, era perdido, era esbarro. Era conto, era canto, era poesia. Era espanto, era, um tanto, Era um tanto, era no entanto, bastante. Era você, era eu, por eras.
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(Uuuu...) Você é tão acostumada A sempre ter razão (Huuum...) Você é tão articulada Quando fala não pede atenção O poder de dominar é tentador Eu já não sinto nada Sou todo torpor É tão certo quanto calor do fogo É tão certo quanto calor do fogo Eu já não tenho escolha E participo do seu jogo, participo Não consigo dizer se é bom ou mal Assim como o ar me parece vital Onde quer que eu vá o que quer que eu faça Sem você não tem graça (Uuu...) Você sempre surpreende E eu tento entender (Huum...) Você nunca se arrepende Você gosta e sente até prazer Mas se você me perguntar Eu digo sim, eu continuo Porque a chuva não cai Só sobre mim Vejo os outros, Todos estão tentando e é tão certo quanto calor do fogo Eu já não tenho escolha E participo do seu jogo, participo Não consigo dizer se é bom ou mal Assim como o ar me parece vital Onde quer que eu vá e o que quer que eu faça Sem você não tem graça É tão certo quanto calor do fogo É tão certo quan...
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Meu caminho é cada manhã Não procure saber onde estou Meu destino não é de ninguém E eu não deixo os meus passos no chão Se você não entende não vê Se não me vê não entende Não procure saber onde estou Se o meu jeito te surpreende Se o meu corpo virasse sol Se a minha mente virasse sol Mas só chove, chove Chove, chove Se um dia eu pudesse ver Meu passado inteiro E fizesse parar de chover Nos primeiros erros Meu corpo viraria sol Minha mente viraria sol Mas só chove, chove Chove, chove Meu corpo viraria sol Minha mente viraria Mas só chove, chove Chove, chove Meu corpo viraria sol Minha mente viraria sol Mas só chove, chove Chove, chove
escrevo...
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temo escrever e perder nele, o tom. de dizer... que acordei e vi o que sonhei, que sinto os pelos na ponta da língua, que sinto os nós dos dedos nos meus, que sinto o peso da cabeça no meu braço, que noto o olhar enquanto olho em frente, que sinto o mindinho esfregando em meu colo, que vejo cenas nas palavras, que vejo os seus sendo meus, que vejo os meus sendo seus...
quero...
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não quero angustia. quero expectativa, quero possibilidades, quero pequenos enganos, grandes surpresas, belas descobertas... por isto fujo quando encontro a realidade pasmaceira, crueza sem saída. quero o olhar desconfiado, o cabelo desarrumado, a roupa rasgada, suspiros escutados. calo-me diante da boca. seu nome eu digo, aos poucos...
mulher - reveja setembro de 2009
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Não me faça um favor. Não me crie em sua mente. Não me tenha. Apenas me observe fazer. Ou ser. Veja quantas há em mim. Não sou sua. Sou minha e todas. Não sei quem sou, sou alguma, sou a louca, a menina, a moça. Sou uma mulher. Gênero. Única. Pessoal. Sou a bela. Queira-me em lembrança, em distância, em suas melhores e maiores vontades. Meu corpo pode estar em suas duas mãos, abrindo-se e recebendo. Minha pele te sente, minha boca tem a saliva que beberá da sua. Queira-me pela noite inteira. Toda. Sua. E de manhã me deixe em meus olhares. Em minhas considerações e sonhos. Sou uma mulher florescente
seu alfredo
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"Seu" Alfredo passou os dedos, polegar e indicador, na aba do chapéu. Saiu de casa com a certeza que estava abafando, como se diz em Minas. Quando chegou na casa de Cristina, parou em frente ao portão de ferro e o abriu com um resoluto empurrão com o pé. Passou por entre as folhagens do jardim, encaminhando-se por um corredor longo e estreito. Tomou cuidado para não se encostar nas paredes. Não queria resvalar seu paletó branco nas paredes. Ao fim do corredor, um quintal com algumas mesas e cadeiras, de ferro como de um bar. Esperou, parado, que alguém prestasse atenção em sua chegada, mas ninguém sequer virou-se para vê-lo. Apenas um cachorro, "lincou-se" com um olhar que lhe pareceu de desprezo. - Os cachorros são assim mesmo, pensou Seu Alfredo. Tentou fazer um barulho tímido para chamar atenção. Arrastou o pé no chão, como um raspar de garganta. O pandeirinho que trazia consigo tocou em suas perna esquerda e duas crianças que estavam por ali, olharam...
diferente
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Já não poderia contar com a difernça para saber qual era a diferença que fazia-o sentir-se diferente ou diferenciado, já que agora não fazia diferença. Apesar que nele, a diferença era sentida sempre como sendo algo que fazia-o se sentir-se caminhando para algo que fazia sentido. Diferentemente de quase todo o resto das pessoas que caminhavam como ele mas não pensavam tal e qual. Estranho que não fazer diferença o perturbasse - pois que era diferente - então, que diferença fazia?
parece prece
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o amor parece que tira a gente da guerra o amor parece que quer nos cercar o amor parece nos trazer palavras guardadas parece que aparece quando as coisas são más parece coisa de outro mundo que queremos estar parece lembrar sonhos que nunca acabaram parece nos fazer lembrar criancices o amor aparece e tudo é sim o amor aparece vindo de fora o amor aparece aqui dentro o amor parece que apareceu pra mim
Falta
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Não. Não é saudade. É falta. É necessidade básica. De ter ao lado, de esticar a mão. De deitar no colo. De sentir que tudo vai bem. Ou que ficará logo, logo. É uma raiva contida pela possibilidade e pela impossibilidade. De ser um dia possível e de ser hoje impossível. É a incompreendida alegria distante de mim. É parado e quieto com palavras para dizer. É estar só, e no entanto, ter tão presente que a ausência preenche, toma tudo, revela-se dona. É precisar o querer. É querer não precisar. É precisa a falta. Falta. E só.
23 dias
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Acordei aos 23 do primeiro ano. Havia me sentido, até então, como se não houvesse amado nada mais profundo quanto um copo. Quando vieram os outros dias, e, sobre eles o complemento dos saberes e quereres, foi que nasceram as pontas dos dedos. E tudo que agora me alimento, é deste observar de espera, desta convicção de amante da profundidade que há de existir. Não gostaria de olhar ao longe, mas lá já estive, uma única. Meus braços se abriram ao abraço de tanto desejo, de tantas poucas horas, de tanto ouvires para entender, de aceitar melhor o tanto querer. Rogo aos olhos, ao olhar, ao seu observar, que se olhe do alto, bem alto, para serem vistos; o espaço a ser dançado, os ares para voar, as palavras para se ocupar. E quando for pedido o silêncio ou gemido, suores e movimento, se torne, não o tudo, não o nada, mas apenas nos tornem os dias, como aos 23.
preguiça
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tenho preguiça da discusão partida da alma convencida que uns valem, outros não. há pena em mim. ah! pena que sempre. por isto a preguiça. tenho a preguiça dos esforços em pensar pouco, em pensar demasiado devagar, em pensar muito. tenho preguiça de ter preguiça de manhã, e saber que poucos vão se esforçar, que ninguém vai reparar se esta merda feder. tenho a preguiça como alvo, pois nunca notam que a seta tem que "dar", que garagem não é para parar, que quem vai na frente pode ir devagar. tenho preguiça da tv, de criticar tv, de criticar jornalismo, de cobrir pela internet, o mundo todo em minutos. tenho peguiça pois tudo parece igual. tenho preguiça de casamento, de aniversário, de comemoração. tenho preguiça de perguntar de quem é a festa. todos vão ficar no outro dia com preguiça de trabalhar. isto dá uma preguiça. preguiça de votar, de acompanhar, de resmungar, de sair nas ruas e gritar. tenho preguiça. tenho preguiça de me envolver, tenho preguiça de querer, tenho pregu...
trecho
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Às vezes apagar a luz do quarto que se sai pode ser o sintoma mais forte de que algo ali aconteceu de verdade, e, é quando nos instantes antes da sombra da escuridão tomar conta, você nota que nada se moveu por sua conta. Tudo, tudo naquele lugar foi colocado por outros e por outros motivos que não os seus e que nada ali lhe pertence. Apenas a angustia de logo apertar o interruptor e sair dali. lugar de solidão. Onde você fica? Dentro ou fora onde também não há luz nem vida? Sair é a decisão seguinte ou anterior e nada pode ser pior que decidir. Decidir é viver! Percebe afinal que outras coisas não são a vida, apesar das delícias de nada perceber... (trecho de, quem sabe um dia, um livro)é foda sentir!
desenrole
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tenho uma saudade tão intensa.... não é "grande de enorme", é extensa.... toma a forma de espiral e me enrola todo... e enquanto faz isto vai me alisando a pele, coroando o dia, lavando a aura, completando o sal, empolgando o amanhã. suplicando beijo, pedindo colo, lembrando cheiro, olhando vazio, dando arrepio, copiando as falas, relendo alegria, surrupiando as horas, pra que chegue logo o momento de você me desenrolar...
je reviens
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Je reviens Je reviens, encore Tu n'as même pas vu Que j'étais partie alors Je suis revenu Comme on rentrerait au port Fatiguée De passer Par dessus bord Je reviens Je reviens et j'ignore Ce qui nous ramène Ce qui nous ramène au bord On a déjà vu La mer rendre certains corps Qu'on avait dit portés disparus