Quase fiz estátua. Busto em praça eu fiz e fiquei rodeando, amando, olhando cada firme traço, sulco. Pedra, dura, impávida e insolente. Eu dizia, move-se, fala, mente./ Quando imaginava seu corpo via-o como é; branco no mármore, deusa, sorriso no branco de seus dentes, marfim, para mim./ Tolo, tolo, tolo. Dei voltas e afogado em terra terminei sufocado, aprisionado, não para sempre. Mas para você./ Musa, olhar que me vê, me toca quando olha, não olha e me apavora./ Dia sim, dia não. Cinco dias passados e eu passado, passado vivendo dos dias sim./ Desço dos carros, aviões, caminho a pé ouvindo o que canta em seus ouvidos, já picados, lindos, detalhados em mim, acreditas? - e traduzo, leio, penso, comento e te vejo nelas, é ela!/ Não será a perda, não tive, o pior. Será o tempo, perdido, lançado, rompido, não contado e com a rima ter sofrido, o pior./ Em vão todos estes dias. Parado, esperando a doença, a entrega, seu calor, rubor, sua paixão. Louca, desligada de tudo, chorada, inerte, f...