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em tudo, um pouco

cortou o cabelo... nova maquiagem trocou o carro pintou as paredes renovou os móveis encapou os livros escutou as músicas degelou a geladeira colocou novo lençol lavou os talheres regou as plantas comeu e bebeu falou no msn olhou para o céu tudo havia mudado

ingrata

duas noites passei aqui dentro de suas pernas por suas coxas escorri meus culhões amassou minha boca em cima sua boca em baixo e dizes que não estive em ti?

disléxica

quero uma esteira busco uma cadeira busco a coisa inteira pra viver aqui. dá-me sua orelha não me dá rasteira pata de coelho a viúva chora. quero ser criança e fazer lambança tapa na orelha pra me curar balanço. solitário errante passeio pela serra pedalada na lagoa sem olhar magoa. pego na estante deito no seu prado sufocante aldeia saio pois venci. minha dor volteia faz mirabolante parte desiludida escrevo o que perdi.

descolorido esperando a lua

como irreal é a busca em um ponto de norte a sul, leste a oeste. por cima ou debaixo da coberta não encontro tanto sossego, coberto estou de sonhos. acordado. sem acordo vi olhos e chinelos indo e deixando tudo sem saída, eterno, estrada comprida, fila sem fim. desalento. preguiça. aceite por ódio, matança, desfiliação, mas sem compreensão, sem entendimento, sem trocados de palavras, sem discusão, nem dircurso curto, sobreviver apenas por bobo. aliás por enganar o ser, escrevendo, lendo, comentando as mesmas dores, do pisão no rabo sem ponta. exterminar o sentimento, sentindo tudo, caroço na mão, dor no cotovelo, apoio de cabeça pesada e mais motivos. ai! não querer dor é fácil. tê-la mais ainda. sempre tem alguém que me dá uma dica!

saudade

hoje a lua cresceu em mim a saudade crescente do tamanho do céu

tâtonner

réunion. testaments. là-bas? besoins. l'égalité. rechercher. être?

estou

frio, frio congela o sentimento, na lembrança, de ter um momento, feliz, observando o movimento, de querer tudo de uma vez só. ana, obrigado por me lembrar.

dialógicos 1

- dá? - não dou! - dou? - dá!

certeza, apenas hoje

me baste. por tantas horas de um único dia. não lembrarei de ontem. não quero o amanhã. sou seu. apenas hoje. te basto? este texto é um comment feito no blog da talita

enfim

ontem eu beijei sua boca. foi um sonho!

brincando

diria em teus olhos se o olhar estivesse tão perto teus dedos estão no meu espaço toque-me com palavras surreais rápido que esta fase passa.

nem eu

oferta na feira da vida, ela não vira, não olha, não aceita. é muito barulho, vozes iguais, roucas, agudas, enlouquecidas palavras. ritmo igual para todos os saídos de universidades, internatos rurais, escolas dominicais. onde dividir a escolha, o caminho, as pessoas, diferenciar o que é meu ou do outro. oração, reza, zen, medito, penso, filosofo. filósofos, pastores, padres, mestres, quem são os indicadores perguntam todos. onde? qual o caminho seguir? qual sacrifício? nenhum? por quem? a face dos irmãos são parecidas demais. tornam-se mais comuns que os outros. esta pele nórdica, estes olhos, céus! este texto perdido, lembrando-me, por onde fui?

ainda

os olhos em minhas costas, imaginação, levaram-me a escrever trezentas cartas, duas poesias, quatro contos curtos. onde conto o gasto do tempo; dezesseis horas no máximo e no mínimo, o choro compulsivo e obsessivo por alguém que queria a mão na nuca, o agachado ao lado. era pouco. mas era o muito que queria, fazia o sentido parecer ser todo o sentido da vida, naquele momento. era. pelos olhos, pela vontade, que pensava ser igual, que foram vistos juntos em bares, em vales, serras, cachoeiras. em camas nunca. não houve tempo, o chão via as roupas e as paredes e móveis receberiam os corpos. e as janelas? fechadas, cortinas abertas; para o ar não entrar, os cheiros não saírem e os olhos, de alguns, verem: o único momento que eram tudo, todos, o mundo, a vida. sair e ter uma vida normal, depois de serem o mesmo ser, parece simples demais. mundano demais. tem que ser diferente. então abro os olhos. imaginar-te é ainda uma vergonha, uma tristeza de amanhã, já hoje. desde ontem. deve-se ao so...

dez

compromisso escrito e assinado com observadores às costas, e paletós à frente. em papéis grandes e grossos. depois virá a grossura das respostas à perguntas imbecis. muchochos de semanas. trepadeira arrancada e perna cruzada. reservas de mercado enquanto compra mercado. plantas desaparecidas para sempre pela sequidão afora. peso ao carregar pequenas e pequenos mineradores. vida passando, idiotamente levada por ela. estalo. barulho. nada. doer é sina para o levantar lá na frente. adquirido tempo para quem não tiver tempo.

ilógica ilusão (poesia de maria)

A ilógica ilusão de se iludir com as palavras que são ilógicas que nos iludem a cada manhã... http://maricontando.blogspot.com/

beija espelho

não me assusto com o que encontro, da primeira vez que me vejo, quando me olho no espelho e encaro o que está em minha alma. é tudo tão novo, apesar de existirem, algumas coisas há tempos, é tudo tão interessante, que amenizo o susto e às vezes até o medo do que encontro, com a curiosidade de ser igual a todos, um pouco em mim. (este texto é um comentário feito em um post do blog http://codinomebeija-flor-esfinge.blogspot.com/ )

sow, sow

pode ser por aqui que despeje tudo que sinta tudo que se há. pode ser que seja que se esteja apenas. mas tem sido tanto que agora espero. pode uma palavra pode ser rimada pode nem ter travessão. pode ter certeza pode. pode ser incerta pode saudade ansiosa. pode ser que seja duas cores apenas e uma pena.

pelo visto

- seu vista trava? - oi? - net, o meu... mas, o seu trava ou não? - o teclado? - não. o vista. - oi?

escrito

- como assim? - não posso! - eu não acredito... - ... - mas, e eu? - eu avisei antes! - mas o que eu faço? - não posso fazer nada! - como assim? - você está confundindo, sei lá! - pode ser, mas explicar não resolve... - eu não posso fazer nada! - o que eu faço? esqueço, jogo fora? - esquece, sei lá! - como? - eu não sei. você só fala disto! - eu não entendo. por isto. - muda de assunto! - eu? mudo

duas vezes

... - alô? - alô? escuta eu não agüento mais... - ... - eu amo você!

fontes

apertado em imensos lugares largos, mergulho em águas doces passadas, lua voltada para o direito reescrito de meigamente deitado e cuidado por palmas abertas sobre cabeça. guarda de palavras discricionárias do ser surpreendente com tempos vindos agora e de porvir. lembretes desdobrados pelos gelos contidos nos ventos trazidos, traduzindo o passado despercebido com étereos motivos de serem novamente vividos. mostra testa. lenço solto. ave noturna em beira de rio da memória resgate. espaço ocupado. todo. toda.

desgosto?

gaia, se onde ando, andas, confessa. fraquejo, vejo palavras, cismo o sentido, do verso.

escrevo

não voou onde desejas não vou até ao que queria. ínsito no ir no contar. cheguei à beira da gare e embora ainda atravesse dormentes minha parada é final. escrevo mas penso em não.

páscoa

alô? todos sabem o que é Páscoa? nãããão!!!!????? Páscoa quer dizer passagem. quando veio uma das pragas sobre o povo egípcio, que não queria libertar o povo judeu da escravidão, para que não pagasse o bom pelo mau, foi colocada uma marca nas portas das casas de modo a diferenciar quem era judeu e quem era egípcio. assim quando a praga passou dizimando os filhos primogênitos, esta marca livros os judeus de serem atingidos. é isto. passagem então é páscoa para lembrar este momento de livramento. depois, bem mais tarde, esta marca vira uma imagem de Jesus como o responsável por ser esta marca sobre a vida das pessoas. do que esta marca livra já é outros posts. e aí? é isto?

à maneira paradoXal

veloz... o pensamento e mais rápida a decisão do contorno final da letra. quando assentei o assunto que estava aqui saiu correndo para receber a dívida não paga em outras plagas, pragas não me pegam descoberto pelo Santo. Falando agora de tudo que sempre falo eu digo que o perigo era o encontrão no meio e o seu seio à mão. aparecendo parecido com me pega e suga mas não agora. apenas com os olhos que seu toque mais forte é o amor que tem por mim. você diria e riria cá pois dito pela dita nem creio. esta verdade dita nunca foi dita por sua boca bonita. nem preciso de concordar com o final para parecer ritmado. o cadeado aberto pela chave verde de olhos tão fugidios me liberta de contar sílabas ou estrofes mal dormidas companheiras desta vontade de te ter minha querida.

ou fora de área

porque você não pisca para mim? esta sua pasmaceira, sabe o quê indica? porque o tuuuu....tuuuu....tuuuu não acaba em alô?

abulo

perder as esteiras na volta da praia. quando atravessa a avenida é que gritaram para que voltasse para pegá-las. é a volta que o desanimou. não quer voltar! não deseja ver o corpo quase, ou totalmente nu. não suporta que o espere, deitada pela autoria da sua estória. a força não está com ele. está no lado escuro do quarto.

sim amar, sim!

Quero escrever, Não palavras! Quero ouvir, Não falar! Quero gritar, Não voz! Quero amar, Sim amar!

viver o tempo

chegara quase vivo. era quase inteira sua certeza de amá-la. tempo. era bom que existisse tanto espaço, tantas palavras. consolos, é o que eram. os sentimentos se não eram novos, se não controlados, eram todos humanos demais. sublimes demais. mesmo a tristonha certeza, era capaz de apagar a falta de razão de viver. afinal viver, era paixão, desencontros, incompreendidas suspeitas de amor, diferenças de matérias mortais. agora o sono, era pedido que vinha mais cedo e dormir ajudava. sonho? não tinha, era sintoma de esquizofrenia, que sabia ter herdado. ou adquirido enquanto vivia se apaixonando por todas que eram como ele. daqueles tipos que ouvem o outro chamar o nome.

ego 1

e o ego engole o gole do que é logo; qual o logo de quem não tem ego?

ô trem!

sonho, aliás penso, que, desde fora, tens ficado por dentro de como estou. depois de ter-me lançado pra fora de seu carrinho. dê mãos aqui e alongue o seu tempo, encurtando o meu de espera.

tá?

você me vem pela rede, vi as letras de sua terra. quer sentir onde estou? vivi n'água, energia gastei. sim! eu sei. respiro fácil. hoje, suspiro... será?

ais para seu ai

teus ais quando cais sobre mim. ai. quero rasgar coco com dentes quando vejo-te despida. tua carne não é comestível não? ai quando teus pés dão a volta em volta de mim. tua garganta dita no martelo e na bigorna do meu ouvido, bobagens, bobagens, bobagens. ai. os poros jorrando, cabelos deitando e virando cortina de ti. viras, viras, viras o espelho para que acreditemos quando lembrarmos.

reveja julho de 2008

Quarta-feira, 2 de Julho de 2008 outra coisa Sou sombra, nuvem cheia e copo com água em cima da pia. Se deixar eu derramo, entorno. Quando encosto na cabeceira dura da cama é que me dá vontade de chorar baixinho. Bem baixinho. Meu cachorro uiva pra lua e eu olho pra ela e ela não me vê. Às vezes penso que ela é burra. - Né nada, minha tia Célia dizia. Isto é coisa de lua nova, quanto menos se vê, mais quer. Conheço pessoas que nunca foram na minha casa, que nunca ficaram perplexas ou paradas. O touro é que não gosta delas. Eu tenho uma dorzinha que me incomoda de vez em quando. Quando ela some de todo, eu a cutuco pra me ver vivo, loquaz, atendido nas minhas perdidas esperanças. Queria ter companhia pra chorar de noite, noite e dia, noite e dia, noite e dia. Chorar sozinho é bom quando não se quer companhia. Eu quero derramar aquele copo d'água inteirinho, mas na boca de quem não escuto a voz, mas sei que já chegou. Reconheço gente de olho fechado, se tiver perfume bom, se tiver um...

reveja novembro de 2008

Quinta-feira, 6 de Novembro de 2008 suas coisas seu cabelo preso seus olhos semi fechados seu fluxo seu refluxo sua cor sua dança aos treze seus cadeados seus cds estragados sua crença seus músculos suas pintas seus relógios variados seus ouvidos seus gritos seus suaves exercícios seus alongamentos sua bronca sua sandália branca suas camisetas suas poucas palavras suas aulas seus pulos seu cabelo solto sua roupa rosa sua roupa verde sua boca seus olhos sua voz suas abelhas nossa bicicleta pra ir embora

não me assento

silencio. se me pedes. distancio. se tu ficas. denuncia. minha paixão. alivio. seu apresamento. copia. nosso destino. fútil. o amor.

os tais

onde? onde estarão os seres amenos? os que queremos ao lado. estarão em algum lugar especial para eles? talvez estejam dentro do vidro de figos que Tia Corália fez. ou devem se encontrar, e, se sentando em cadeiras de madeira, falam de mim. e de você. riem-se, como meninos e meninas levadas, e se escondendo de nós, plantam seus sorrisos belos, suas palavras queridas, suas faces tão belas, em terras cultivadas por nós. talvez estejam na lombada seguinte da estrada. conheces? nos olham distante, não vemos se nos vêmm. quando se deitam, olhamos seus corpos verticais, colocando seus cabelos por trás da orelha. são meros os meus. são manada, estas crianças, tranquilos são, os que comem, os que escolhem os sais, os tais, os quais.

terra

a terra tem olho azul e pele branca. suas águas me entornam e suas terras me têm.

julho de 2008, revendo

Terça-feira, 1 de Julho de 2008 Leite Preciso deixar-me sair de dentro de mim. Já. Preciso ir a algum lugar para me observar, de fora para dentro. Preciso descansar de mim, de você que está tão aqui dentro. Solidão de dor, de consciência, de esperança, de certezas tristes, de coisas tangíveis e eternas. Quero a companhia do passageiro, da passageira, do que vai morrer logo ali. A companhia das coisas que a gente vê, rapidamente, e guarda na memória pra lembrar depois, se precisar. Desespero total a curto prazo, melhor que pensar em tê-la sem tê-la, de tê-la a pensar sem pensar... Quero me aninhar em mim mesmo, mesmo sabendo que daqui não sai leite morno, colostro. Nem carinho de pai. Sinto não poder ter-me em ti.

primeira carta

Tento achar algo que possa ser longo o bastante para que estendas a mão e entenda a aspereza de quem quer servir-te Quando acordo, não é em você que penso logo, nem durante o dia ao menos, mas perto do meio dia, sim, eu me lembro de sua claridade. Diferentemente de outros dias, quando lembro de você, algo seu me anima. Sei que seus pensamentos são muitos, e, não quero ser confusão no meu modo de falar. Quem está mais próximo, à sua volta, pode abraçá-la, tocá-la e beijar suas mãozinhas, que imagino, sejam pequenas. Eu não. Isto me faz ficar mais próximo de você do que se realmente estivesse. É esta uma das emoções que tenho hoje. Não ter o que é de outros, de outras, de épocas ou de anos mais recentes que os meus, tem sido a rotina. Sei que sua sede de viver ainda será muita e esta sede não lhe faltará na vida, às vezes. A vida é assim mesmo, depois de vários outonos febris, verões esperançosos, primaveras e invernos tristes ou sombrios, ficamos menos dependentes da vida que esperamos ...

reveja, julho de 2008

Sexta-feira, 11 de Julho de 2008 linda não é de modo nenhum/não se pode/ serei completo /o momento exige/ a forma e conteúdo permitem/ o silêncio não é a solução/ conter o turbilhão será insuportável/ portanto digo/ linda!

reveja, junho de 2008

Sábado, 28 de Junho de 2008 Mais além Conscientemente eu almejo ter seu corpo, esquio, escalo, domino. Finco minha bandeira ao alto do monte e acaricio seu manto, e sinto o vento de seu suspiro aumentando meu contentamento em estar colado, calado, corpos respirando juntos, sucessivos e conjuntos na respiração vagarosa, prazerosa, momentânea e completa, já que a vida podia terminar agora. O que seria pra manchete que ninguém entenderia, o porque de tanta paixão, corpos nus encontrados no ato final. Eu te desejo como mulher que és, como senhorinha, como suco, tomo-o, sorvo-o, e para te enaltecer, digo que és uma delícia, carne viva e branca, leitosa, longa, sem fim. e acima e abaixo eu acaricio esta pele, estes poros.
Tudo o que mais nos uniu separou/Tudo que tudo exigiu renegou/Da mesma forma que quis recusou/O que torna essa luta impossível e passiva/O mesmo alento que nos conduziu debandou/Tudo que tudo assumiu desandou/Tudo que se construiu desabou /O que faz invencível a ação negativa/É provável que o tempo faça a ilusão recuar/Pois tudo é instável e irregular/E de repente o furor volta/O interior todo se revolta/E faz nossa força se agigantar/Mas só se a vida fluir sem se opor/Mas só se o tempo seguir sem se impor/Mas só se for seja lá como for/O importante é que a nossa emoção sobreviva/E a felicidade amordace essa dor secular/Pois tudo no fundo é tão singular/É resistir ao inexorável/O coração fica insuperável/E pode em vida imortalizar/ Paulo César Pinheiro e Eduardo Gudin - 1974

reveja, outubro de 2008

Quarta-feira, 1 de Outubro de 2008 aberto Minhas perguntas não são feitas para mim em todo tempo, já que não quero ou não posso respondê-las agora. Faço perguntas ao vento, aspirando mais sentimentos do que respostas. Pergunto a lua com um olhar de me leva e me deixa ser o motivo para ver. Pergunto ao tempo: quanto tempo e quando? Minhas perguntas são montadas em cima de folhas secas que piso, quando caminho pensando em você. São montadas no barulho do e-mail chegando, da página se abrindo, ou sobre a mensagem enviada. Pergunto à madrugada se haverá uma alvorada ao seu lado, e se tocará uma música qualquer antes, durante e depois, para ficar marcada como relevo na capa do romance que não vivi ao seu lado. Pergunto aqui e ali se o querer do não poder é justo. Se é irrepreensível. Pergunto, às minhas lágrimas, se elas continuarão a causar-me desamparo. Pergunto com letras, como estas que te escrevo, se me querer pode ser assim tão distante, tão distante, tão ausente de algum sinal. Pergu...

com fundo raso.

- Ela? - Sim! - Não há vejo. - E o desejo? Passou? - Por mim. Ele passou. Mas está aqui ainda. - Agarrou? - Ela? Quis. Mas não. - Não! Não ela. O desejo. - Ele é que me agarrou. O leme. - Leme? Com este vento... - Vai me levando com vela é tudo. - Reza? - Não, raso. Raspa no fundo do meu casco.

assim, sim.

eu te amo. amo não para sempre, há tanto amor assim... amo suas idas e vindas por aquele espaço seu, amo a saudade de você me mostrando como, amo suas curvas curtas, amo seus seios pequenos, suas pernas brancas, seus detalhes intocados. Amo como se foi, como se fosse ficado, amo a palavra dita, a mal dita, a nunca proferida, por nunca ter me amado. Amo sua mente desconhecida, seu estado de estudo, sua prancha de salvação, sua felicidade independente de mim, seus gostos opostos aos meus. E amo amar assim, amo amar sozinho, aqui no meu cantim...

short

me abrace, com suas, pernas assim, e me tenha entre si. e entre nós apenas saberemos o gozo de olhar.

cruzeiro

Contentei-me com a morte de parte, Aquele cruzeiro ao longe, branco lateral com o horizonte para todos os lados, A estrada sem entradas laterais ou cruzamentos de dúvidas, Com a neve sem frio, em fotos de fatos sem panos meus, Pasmado sem o ânimo no selim, sem a força do joelho agora quebrado, Com as frases em cima de outras, coloco-me sob seu mundo, Solitário com a falta dos meus pêsames, seus, Coloquei-me em bruços, de brusco, para os olhos do mundo, Contento-me em ser somente meu.

já vais?

assim como estou, eu digo sim. talvez nem tenha tempo, jaz com o tempo que não tem. e já, que tens a doença, eu tenho a cura. mas, por favor não me curra, a minha insistência de ser.

em instantes, num piscar de olhos

dantes, não tinha o antes de te conhecer. antes que seja, que sejam instantes de prazer. prazeres antes, que seja antes de perceber, que tudo que é antes, dura um instante. e que durante, sejamos amantes de nos conhecer.

estas

o que haverá ou o que há não saberá. são estranhas mostram entranhas mas não se arranha nem a casca. mexem na teia encampam os mortos soltam os corpos pelas metades inteiras. consolam-se em si enquanto estamos aqui esperando o lá estupram nossos nós. passaram sozinhas arrumando casinhas enquanto os ovos esbarravam nos outros. perdidas não cedem não choram mais não pedem amor não falam a própria dor.

nem um pio

já havia dito de sua parte que cabia-lhe dizer-me. a parte que cabia-me ouvir de ti. quanto ao restante, moroso monstro do desapego, enfia no saco de tua viola desafinada. criação estupenda, inata, de tu, coruja barulhenta.

lento

lento. queria que o mundo fosse mais lento. tento.

solo

solo. no violão não, nem no baixo ou guitarra. solo. sim. no solo sim. pois deito-me em terra.

ainda não finda

Acho que não me convenço, quando não me estabeleço, ou me desfaço daquilo que não esqueço. Quando fui apagar a luz do jardim é que me lembrei, ao olhar pra cima e ver a lua clareando o céu, que eu ainda tenho que lustrar e encerar a mesa grande, aparar as plantas mortas, controlar o arremesso da bola de basquete em um aro que não para de diminuir. Depois, deitar no berço esplêndido do seio branco. Imagino até hoje, que seu céu nos terá, juntos, debaixo dele. Meus braços me cansam quando estico pra pegar qualquer coisa, catar uma fruta, repor um passarinho que caiu do ninho. Para melhorar este sintoma da dependência de querer pegar coisas impossíveis, aposto na ajuda de pessoas amáveis que possam entender que eu preciso ser admirado. Mesmo caído, mesmo sem surtir o efeito que quero, quando olho para o alto e simplesmente peço, com olhos, nem uma palavra digo, eu ofereço meus escritos, minha vida à procura de seu amor. De qualquer amor. Passageiro, ligeiro, sem vergonha de dizer que aca...

internacional

não acredito nisto. nisto de um dia apenas. parece que tudo muda em função de um dia. plantões são criados para que se atenda à memória de última hora. flores enviadas, criando situaçõe almejadas antes. de qualquer forma camas arrumadas. leitos maculados e maculosos. vazio em relacionamentos o mundo desperta para mais um dia. internacional.

são pensamentos

Eu quero uma morada nova. Onde eu não tenha que trancar a porta, nas noites como estas de verão. Não mais que o tempo sentido. Não há o que imaginar, do que ainda não vivido. Quero platéia de dois. Para olhares únicos, somente dois de copas. Sem comentários depois. Comida na mesa, carne servida e mordida. Vou ter seu olhar em minha expressão. Como amantes de muitos anos, um pedaço de ser em outro. Poesia em fases da lua.

vamos

Cada vez que te vejo, é como eu vejo seu desejo. Estampado em você, está um pedaço igual ao meu, correndo e se jogandode encontro ao que almejo. E quando tudo separa, ou quando vem a solidão, me esforço, como agora, para ser mais sim do que o não. Agite-se pelo consolo, busque a mão que conforta, veja com o que realmente importa, e a volta será bem menor, que os 18.000 metros da lagoa.

mensagens

Umas metades, ficam cheias de amor, pintadas de toda cor, conquistadas pelo outro. Outras partes, estão à beira. cheias de necessidades. repletas de vontades. Fechadas conversas, que espantam, ditas pelas metades, incompletas mensagens. Cortes estranhos, cortam entranhas, corações raspados, arrancados pedaços. Ligar as metades, ligar as máquinas, ligar o conquistado, ligar para o outro. Do outro lado.

irá?

na ira apenas para rima. na ida para ir na mira, mira na ida. as águas da rainha, as anáguas da menina. da antiga que não queria, que não queria ser antiga, com anáguas a menina. apenas pra não gritar, (qual o nome da pequenina?) o quanto ela queria.

tá?

seria capacitado de amores teria todos os detalhes comeria todos seus gostos viveria réu na paixão quantos? oito dias.

habitarás a caixa

habitarás a caixa vazia apenas forrada da vontade de ser algo para ninguém. viverás em memória querida no alto do mastro que única de longe seria. acreditarás no consenso de todo um coração único que seu seria.

outro

são vazias são curtas não escutas não lês sim vês sim és são nada são parcas são tantas não paras não para...

soluto

não piscou sim doeu não mexeu sim mexeu com eu.

põe vírgula pra mim na minha vida

a solidão me pegou desacompanhado sem luz que da lua era crescente e não tinha música pra dar desembrulhada de papel fantasia minha penada saiu sem alma minha escrita se partiu conduz o nó arrastando na garganta o amargo

eu falo. e você?

Considerando a hipótese, que está sendo considerada muito antes de ser verossímil, de que suas palavras, as mais belas que tenho ouvido, lido e compreendido, estas mesmas que me colocaram onde estou guardado, local preferido entre aqueles que trocaram o certo quase seco, pelo duvidoso momento de águas tempestuosas, local o qual também chamo de 'quente mas gostoso', pois estas palavras tão sensíveis e calorosas, tão meigas e saborosas, tão cheias de mensagens de esperança de um relacionamento de mútua compreensão, elas tem, as palavras, sido o meio que me tem enfaixado os machucados, esterilizado-os e colocado vicvaporub onde é necessária uma ação mais profunda, e que tem me causado um prazer de horizontes infinitos, embora eu acredite que tudo isto é fantasia de quem precisa, como eu preciso, de modo incomensurável e sem medita cabíveis a partir de compreensões sem paixões ou sem olhares de condescendência quando o nível do óleo baixa de repente, e a gente sente que tudo mudou ...

reveja 06 de julho de 2008

Você tem a conta na cabeça, me diz o que é o amor. Não tem então um componente de solidão? Não fala o amor a língua da paixão, das línguas, corpos, braços, pernas, pensamentos, os entrelaçados, entre si trocados, saliva, suor, cheiro, medos, sabor e receitas que não dão certo? Não sussurra o amor por detrás da porta, olhando de longe, sentados no banco da praça, enquanto quem é, passa. Enquanto esta, não sei onde está. Sei sim! sei que aqui bem dentro! Do sabor que se vai da comida, não fala o amor? Ele não comenta que a falta deixa doente, dentes travados, estômago revirado? Eu já ouvi dizer também que o amor tudo suporta, tudo crê, não deseja o mal e que ele será ainda, depois de tudo. Acima da paixão. Que venha logo.

ai pai... Esta realidade eu não quero não...

Imagem
O tabloide inglês 'The Sun' publicou nesta sexta-feira (27) fotos do ator-mirim indiano Azharuddin Mohammed chorando após levar uma suposta surra de seu pai na favela em que mora em Mumbai, na Índia. De acordo com a publicação, o garoto - que foi recebido como herói no país após a vitória do filme 'Quem quer ser um milionário?' no Oscar - teria apanhado por ter se recusado a sair de casa para atender os jornalistas e curiosos que se aglomeravam no local. (Foto: Reprodução/The Sun)

coisos

canção cansa quando alcança o máximo da lembrança certas cartas cortam o coração quando releio-as suspiros suspendem o momento de seguir em frente luas lutam entre ser a mais demorada para ir embora lágrimas levam poeiras para minha camisa branca

como água...

o amor não é porto de chegada, apenas de partida, (sem destino) é também de parada, (rápida) o amor não me convence não lhe dou tempo, não me gruda mais na pele, chega e vai, (como água da Copasa)

Quá!

ó insensata! que pensas que vais fazer com a nata do leite que me deste? quero fazer biscoitos e tu vens com tuas curas? para passar em minhas queimaduras de sol das horas que fiquei a te esperar? minha querida, a sensatez também não está em mim, como podes ver na cor de minha pele. mas como dizer-me lúcido ao contemplar tamanha grandeza no seu jeito de falar-me da poesia que está em ti? dá-me mais finos motivos para viver com a vontade de querer ser uma dupla: incenso & sensação!

em laço

O laço me pegou. E me apertou tão forte, que o invólucro de mim, parece que parou. E tu não tornaste, tua distância nunca mudou. Meu assento, preparação para a longa noite, acompanha-me o olhar para o alto, à procura de tempo. À procura do que venha em fases. Como agora e antes.

sei não 2

Ir? Não. Encontra-la não é opção. A quimera é a escolha que faço. Um Kinder ovo com a surpresa sabida de antemão. Os sonhos acordam quando abro os olhos.

ainda você

Minha cura está na minha culpa, que, eu ja sei, está viva e não será vicária quando vier o arrependimento, pois que ainda creio, virá o dia do aconchego em braços brancos, nos tapetes verdes, em nuvens azuis e em águas profundas. Comparados aos pensamento biomecânicos, meus conhecimentos teológicos não sobrevivem ao movimento do cabelo molhado, aos pés frágeis, à indiferença para a idade tão distante. Não farão, as minhas palavras, de verdades discretas e tudo será repleto de críticos e crises; dos pares que chegarão para ver minhas vontades. A discrição? Vez terá quando estiver o lençol ou apenas o vento nos cobrindo.

ataranto

Sei lá de notícia, sei lá da solidão dela, sei lá se quero saber, do saber. Me irrita, quando ela evita, de ter esta perdida ilusão de querer come-la com pimenta ardida. Que ela não estude em meus livros, que não escute o que eu digo, eu não ligo, mas ser estrela fora do meu céu? Oh Céus! Criamos, não juntos, dois filhos que, hoje, vivem no mesmo teto. O meu é claro! Um, chamo de Andor, outro de Condor. Andor é devagar em seu andar e sempre deixa cair o que com ele carrega. Já o Condor é muito avoado! Vivendo assim, somos quase uma família. Ela lá com seus maridos e sua flor, que sua mãe lhe deu. Rosa. Sua mãe. E eu cá. Caído. Deprimido. Sem ter o que escrever.

prueba

Sus ojos tristes ¿dónde están? sus pequeños pasos ¿donde caminar? su gran amor ¿de quién será mañana? donde va mi corazón ¿es donde va tu? ¿porque hay poemas aquí si no estamos juntos?

4

Glória guarda-a no balde junto à Ti Vejo-Te assentado colocando tuas coisas ali Cheio, transborda e entorna Em Teu entorno, Em teus; Por Tua Glória

3

Saltei no amor Voei no amplo Mirabolante contorcionismo Trezentos e sessenta, trezentos e sessenta Mesmo o mesmo, o mesmo Linha, fio, corda, cabo Acabamento em frente, em frente! Próximo! Jogue o peso, o peso Pesar Cento e oitenta, noventa Quarenta e cinco Rente ao meio fio Sarja na sarjeta

2

Mendigo Dizer-te, Ama-me. Bendita Diga-me, Amo-te.

concreto 1

Causal O encontro Casual Encontro Causa O encontro

juliana ou não

queria escrever sem complicar, sem ter que depois explicar. quero ser explícito e já explico: em carnes é que eu digo. de verdade, humana. na pele, nas gotículas dos poros. queria na verdade, toda sua beldade, baixinho, sem olhar de tristeza depois, apenas de lembrança. complicado?

lanço

Que tenho eu com seus olhos tristes, Com suas mãos delicadas, Com o tamanho de sua escapada? Que tenho eu de dizer ainda, Se você minha bem-vinda, Não me quer nada? Que tenho mais pra fazer, Se tudo daqui de dentro já dei, E estrelas não alcanço? Que amor mais eu darei, Se todo que havia, Agora pela estrada lanço?

travesseiro

O começo da noite sempre me trouxe uma fobia. Medo que o dia de hoje não fosse o bastante para viver amanhã. Pelo menos a parte da manhã do dia seguinte é me conhecida. Sei que acordarei, e se não acordar, e daí? Não sou eu que desperto nos outros a vontade de viver cantando e andando. Quero, se fechar os olhos, depois do entardecer, esquentar meu travesseiro e virá-lo na hora de dormir. Para ter sonhos frescos, fresquinhos. Daqueles que a gente tem quando a pessoa que anda aqui do lado nem espera que a gente sonhe. E aí, ela recebe, gasta ele, sorri e vai embora. Por isto eu nunca durmo rápido, planejo meus sonhos enquanto sonho em ser eterno, em ser terno o bastante pra fazer falta. Não sentir receber necessariamente e sim fazer sentir. Acho que assim eu vivo nos outros o que não é meu, o que era seu e você não quis.

Uma gatinha atrás de mim, me abraçou, miou assim - miau Sorriu ao ver-me tão satisfeito que logo miou pra mim - miau Deitou bem mansa em meu ombro esquerdo, me apertou dizendo assim - Papai de amo um tantim.
- posso saber de quem são? de quem são estes olhoes que vejo todo dia? - ora meu amor, são os seus. não os reconhece olhando como eu olho? - hummm! que lindos são meus olhos. - nem me fale. nem me fale.

quem diria?

o que é isto? você me explica? ou me complica? não se justifique. apenas fique. e click! acendeu? então deixa aceso e olhe o que há. pra gostar basta gostar. bicho comeu? algo morreu? planta e espera nascer.

lógico pô

Esta convicção, que é certa, não te acerta o fígado vez por outra? Ou este seu jeito de apertar o olhar quando quer ao longe ver, nunca lhe causou excesso de amores? Esta sua desmedida beleza que está entornando nas bicas, faz a alegria da multidão. Pelo menos da que está olhando para o mesmo lugar que o meu olhar. Prometo, sem obrigação de cumprir, que me apaixonarei pela segunda que encontrar, apenas para assim dizer que assim eu esqueço de você. E este seu corpo suave, imagino que seja leve, e talvez ele leve um pouco de solidão, um tanto de amor sem tocar. Bendito Quem te criou! Bendita as aureolas e mamas que tu manos e lábios tocaram. Que leite e que madre que abrigou a mais bela imperatriz do meu coração. Sim! Tu és mui rica também. Pois pões seus castelos nas nuvens mais altas e suas terras vão de horizonte a horizonte. E eu estou na fronteira mais longínqua. Na distância mais distante do seu coração e ainda assim sou de um reino inimaginável que é seu, sendo meu. Reina. Reina ...

ter

Eu nunca saberei se as paredes brancas poderiam ser limpas por estarem cheias de dedos pequenos. Eu não abrirei a porta sabendo de que é chegada a hora de me convencer que tudo estaria em torno. Suspender os braços para esperar a chegada dos braços em abraços que se tornam poros trocados. Nunca isto não. Se lidas as lidas, com fortuitas lidas de minhas lida de descrever a sua vontade que vem de mim. Não, eu não me caibo, não sou casto e não estarei compartilhando a palma da minha mão com ninguém. Perfume de noites claras, escuras que quando me deito no quarto, me vem espiar o sofrer por não ter. Eu tenho o tempo, não queria tê-lo por tantos anos me fazendo companhia, tão certo, tão bem contado.

yes!

não tenho freio. mas não saia da frente. sou leve. e páro se subir em você. se me segurar. mas só páro se estiver em movimento. certo? é física. não físico. não sou tísico. e você? é tudo bobagem. de ser gente. não bicho. não mexo, apenas respiro. fazer o quê? de quê? de conta. agora me conta. me conta. um. não dois.

tolinho no tijolinho

vou colocar no mp3 minhas músicas que ouço e tu ainda não conheces. vou levar-te na estrada de terra, e espero que anote em cada passo, o que eu te falarei direto do meu coração. minha vida. árvores que estavam aqui da outra vez, menores, participando de minha vida, agora ao teu lado. mal posso esperar para saber se te sou importante. é que quando a lua chegar, será o dia mais lindo e completo. hoje, comigo, aqui e agora. pois te terei toda minha, toda pura e pronta para gravar-me para sempre em ti. não sou teu e nem quero ser nada. apenas um pedaço de lembrança. o que sou para os outros todos?

a cerca

às vezes eu percebo que Deus me cerca, me gera nos outros, me toca com os outros, me acorrenta o pé com elos de dedos. De dedos de Santo. E eu me sinto guardado, grudado em santidade, separado por amor.

a vara

você é apenas uma vara na cerca que olho ao longe. você pertence ao dono das terras que olho do lado de cá. não me importo de ser passante. o saber que você é eternamente parte do que sou, basta. nada mais. apenas a pureza que está no ar. simples. assim.

de quinze, ou mais

Você é única. Que me vem de quinze em quinze minutos me perturbar a guerra de ser só. De ser somente aqui e lá. De ser somente lá que me vejo, aqui. Você não me troca, já que não me tem, como queira. Mesmo com tantas, palavras e tantas vezes que vi seu nome escondido atrás de tudo que você é para mim. Quando o arco de cores me permitir lembrar de mais cedo, vou testemunhar o olhar que dei ao que não é meu.

quem vai aí?

Não sou sombra que te vai na sola, do sapato. Não sou o quarto que te espera, do trabalho. Não sou o guarda que te aguarda, no sobrado. Quem vai por ti olhar, com amor? Quem vai te ver partir, com imensa dor? Quem vai te acordar, ao amanhecer? Quem vai te fitar nos olhos, sem piscar? O que eu queria era te ter, Um instante só, somente nós. O que eu queria era poder ter o poder, de aparecer aí.

nada no Natal

Olhei da cadeira onde estava. Meu ponto de vista era único. Único. Não via mais além daquilo que me chamava pelo gesto de sempre. Igual. Quem era eu para eles? Para mim, eles não saberiam dizer quem eu era. Para eles. Uma desordem de corpos em abertura errada da câmera fotográfica. Velocidade também errada. O som captado por aquela porcaria de microfone interno. Não tem compensação. Somente no ano que vem. No Natal do outro ano. E então eu não sentarei nesta cadeira, e sim, no sofá perto da janela. Lá o vento me é a fuga. E as crianças não repararam no meu bigode e barba sem fazer. Eu não me lembrei do ano passado. Por isto estou sentado nesta cadeira. O que está acontecendo com os doces? As crianças levaram. Do ponto de vista, daqui de onde estou, é o mesmo farfalhar de roupas e gostos mal cuidados, mal pensados. Não friamente calculados. Finamente eu como com as pontas dos dedos encharcados de óleo. E a boca repleta de guaraná. Vou estalar meus dedos e chamar para irmos embora.

Ny em NY

Saber que meus membros doem ao crescer, não é nada. Comparado ao sentir minha alma presa em meus sentimentos. Quero asa grande, de anja, de harpia. Pra olhar de cima e me ver sentada esperando que meu pouso não demore. Sou franca comigo e não me peço licença quando vou cair de cima, do alto de minhaas convicções de beira de abismo. Sou moça de cabelo a marcar na testa. Sou a festa comemorativa da vida. Todo dia é meu. Sou efêmera em tudo, inclusive em ser efêmera. Sou a mesma que não diz Ny.

esquecerei

Não tenho uma escolha que me acolha depois de fazê-la. Tenho uma coberta fina com a qual eu cubro a cabeça, com medo que ao fechar os olhos eu encontre com ela. Fecho os olhos para sonhar acordado até quando amanhece o dia de entardecer minha vida. Dobro o corpo com esta dificuldade que vem da preguiça de ter novamente a posição de encarar frente a frente a ausência. Caminho com passos medrosos de não ser o que penso, de não ser o que simplesmente quero, de não ser eterno o desejo que acaba sempre no dia anterior. Desejo o encontro com a paisagem que vi da janela aberta sem querer, sem pensar, sem dúvida. Esquadrinhando o coração, procuro mais que os motivos, pois a letra que eu não entendo, eu não posso repetir enquanto tento ler. Agora, que seria o encontro das pernas dobradas, do assento frente ao outro, eu não encontro a forma de parar. De cessar o engolir o que eu não tenho, o que me deste da razão de viver. É seu, meu momento desde aqui, lugar de consolo no pai, quando nem mesmo ...

marca

Vejo as marcas do tempo nas pedras. Longas, finas ou largas marcas. Sou delas. Estão compactas, tomaram outras cores, de outros tempos que passaram por elas. Eras.

tão

De tão poucas roupas, De tão pouquíssimas palavras, De tão grande sorriso, De tão olhar, De tão voz, doçura loquaz, De tão cor, De tão tão, De tão, De tanto... Paixão!

ao seu toque

Teu toque de me recolher ao teu castelo, encolho-me à tua escolha, embora que me olhes como se não fosse todo teu, furto-me de achar-me em outro local que não seja onde sinto um afago grande em todo corpo, ato de espera por me fazer respirar tão rápido, como foi também depender tanto assim de ti. Se de tua boca, atrás desta cortina, sair meu nome, desfaleço em pétalas como se rosa eu fosse, Transformas-me sem querer, sem cessar, sem ao menos me tocar, e, se me tocares, amoleço, e sem rígido pudor, enrubesço, e intumescido meu membro, acolhe-te em ato de amor único, belo, e minha alma é tua, minha vida.

palavras

Talvez eu faça uma promessa que não possa cumprir; eu nunca vou te esquecer, por isto quando lhe falo que vou partir, minha mente não me deixa fugir. Somente as ruas, luas e estradas vão me acompanhar nisto que chamo de volta, toda hora. Sozinho, aqui sorrindo ao te dizer olá, é sua luz que está acesa? É sua voz que ouço cantar James Blunt? É ela que sai pela janela. Por um segundo seu mistério é o bastante pra me levantar a alma, me levar a refletir o que fui até aqui. Eu não sei o que minha palavra é para você. São letras apenas, eu sei. Não terei uma segunda chance de amar alguém como você. Por isto me olhe com atenção. Estou indo embora, queria te deixar aqui embaixo um pedaço do que você me deu sem querer. letrinha para musicar...

modos

Tenho dois modos sobre o suportar o que é evidentemente real. Uma hora que o tempo seja já, ligeiro, urgentemente desgrudado de hoje, amanha rápido e inesperado, uma paisagem distante e clara de tão pura. As coisas de ontem estão desconectadas com esta rapidez, já vão dois dias desde então. O outro é mais intenso e todo meu, tudo depende de mim, de pensar e ser pesar de não ter, de não ter havido, de não ser possível amanhã. O hoje é pesado. É todo voltado para ontem. Quando olho assim, vem tristeza, mas assim não esqueço, perco o pudor, a estribeira. Ponho viseira e não tiro olhos de lá, onde reencontro, sonho, planos de virgem, desconhecido e louco: o depois de amanhã. Assento deste modo no banco de madeira e não vejo nada à frente, tudo é vida, tudo é ontem e você.

canto 1

Eu tenho um tento, um tanto Eu tenho um canto onde eu canto Onde ponho um tanto, mas tanto, que se não fosse um canto, Eu escapava, eu convertia, eu me revirava.

simples

Por onde eu andaria pra encontrar? O que me encantaria? No primeiro muro que encontrasse escreveria. Com a primeira letra te diria, naquele dia eu seria, tua escuta, teu calar, teu toque, tua colheita. Se eu encontrar, encantado por você andarei, e no muro, com a segunda letra do seu nome escreverei, sou teu amar.

inacabando

Como terminar qualquer coisa que escrevo? Não quero desligar como se apaga uma luz ao sair do quarto. Afinal sei que vou voltar para lá. Então deixo a luz acesa e eu sempre volto, e olho para dentro dele e me pergunto: - o que vim fazer aqui mesmo, o que eu estou procurando?

só gritando

Posso ter o incondicional? Posso andar na borda do Hades? Pode ser característico do desarranjo emocional? Querer gritar não é normal. Não é. Subir ladeira a pé. Soletrar sozinho. Alimentar de pó. Ficar sem sentir dó. Enraivecer e enfezar todinho. Não é normal. Não é. Posso ser imoral? Posso colocar no pedestal? Pode ser apenas de um só? Quero sair do pó. Pode ser pior? Se ficar melhor vem dor? Quero que me veja só. O que será do amor? Se tudo fosse cor. Se alguém fosse por, um coração aqui. Eu vou partir Eu vou dormir. Quero sair daqui. Quero gritar. Eu sou normal!

passar o tempo

alguns anos alguns planos alguns vales algumas montanhas algum deserto. são belos seus momentos os que virão os que serão são os seus certos.

eu, você

E foi se transformando, foi transformando-nos Transportando a nós, e nos dando nós E nos deixando a sós, nos deixando sós E fomos destruindo e nos construindo com os pós E mesmo com tantos prós, não pudemos ser: nós

ver

Não era você que me via, e isto não interessaria se isto não me bastasse pra viver. Repito os mesmos gestos de toda noite, que são os que esbarro em você. Empurro carrinho de mão com estardalhaço na rua sem calçada. Aprendi a cantar, cantando o canto pelos cantos, pra me encantar e sonhar. Desfaço de tudo por tudo que diria, se pudesse meus joelhos nos seus encostar. Sua seda no som, seus olhos, o tom, seus lábios, sem outros são, e mais nada. Embora seja ir embora o minuto final, até o final as folhas terão seu nome.

em

Seu nome deita em meu ombro Seus cílios me abanam Sua boca é feliz com meu nome Seus braços me enrolam Sou alegre assim Ao te ver vivendo Farto-me bebendo Você em mim.

neo

Brisamente me vou. Desalentadamente estico o corpo e me deito em decúbito dorsal. Consenquênciado de decisões de fora me esqueleto o corpo. Saudadiadamente me lembro de lembrar de querer abraçar. Beijocadamente disparo selos em suas imagens. Imaginosiamente apago o passado, o presente e futuro. Apaixonadamente escrevo o que deve ser dito

presente

Não é somente o basta que não completa o que me resta. É o interesse egresso do que fui neste tempo. Me enchem as cheias e as meia luas, precursoras de luz ausente. Metade de escuridão do outro lado que me vejo posto. É a certeza do certo sobre o errado. Tampando o possível, o imaginário, o abstrato e temporal tempo eterno. Enquanto dure, enquanto em mim, em quanto ficaria as custas de ficar também aí. São estas falas que me fazem pertencente a ti e ao tosco esboço de relacionar isto com um sentimento de um par. Lá também estão juntas as almas de quem não é meu nem seu; o campo do sonho, do futuro limpo. Tênue pensamento, profético ato de ver o nosso, com o de outro que também sonha. Resta o que me resta, para me bastar, para trocar de memória, de parar o olhar pra frente. O ausente está presente claramente, lindamente, eficazmente verídico. O real me assola, me enche de completo desastre, inevitável preenchimento. O soslaio me convence.

fotos

Esta é você. A que me amedronta, não sei seu medo. Sua condição para ditar algo que eu anote em meu caderno. Esta é a outra de você a me deliciar os olhos e arrepiar a têmpora. Espantar a indecisão. Prefiro as duas que nenhuma, prefiro o olhar pra foto de que nenhum por mim. Aquela me senta na posição em que estou, na cama feita pra dormir. Esta outra você, traga pra dentro, por dentro a trago, foge, traz e me dá os passos. Solidifica e constrói, por paciência e distância, no canteiro do seu olhar. Eu sou seu, você que não é outra.

sorriso diverso

Um sorriso único, certa e convicta Em um digno olhar, clara visão Fácil amar tanta luz, tanta razão Momento em todo tempo da vida Pensar em quais das faces? Em suas posses, suas poses Seus dedos longos, seus dentes Suas marcas, seus de repentes Várias e várias vezes apagar Chorar os sem respostas Viver pra pensar em ter Dormir com pressa em não ser.

vôo

sempre, todo dia, tenho uns pedaços pra viver, pra continuar pousando e voando, pousando e voando. meu coração decola só. e sabe? ele sabe que o horizonte nunca será dele. por isso o pouso. aterrisar é buscar entre as árvores uma fruta com água dentro, um animal entre as folhas que o devore inteiro.

sim

Sim, mas e daí? Se não ouve o que falo, se não houve fala? Se engano é minha impressão e enganar é a sua? Se preciso que precise desde o início e se você é tão precisa em não precisar? E agora que faço com o que quis fazer se você sempre fez questão de nada fazer? E a lua? O que falo pra ela? E depois que você se esquecer como faço pra lembrar-me para esquecer? É você que me trás o impedimento e o avançar, querendo ou não. Sendo ou não, estando ou não. E daí?

caso

Quebrou-se. Mas o que é ainda está aqui. Despedaçado, separado sem colagem possível. Os pedaços são cada um de outra importância, multiplicada em atenções e eficácia em fazer pensar. Quero ter mãos gigantes para juntar-los ao meu coração, enfiar-los dentro de volta, em mim. Considero montanha e morro a mesma coisa. Daqui das terras mineiras, o olhar de escalada, de subida custosa, dá o mesmo prazer quando é por algo que leva pra longe ou pra perto. Lavo a cabeça é no tanque, com sabão de coco, enxáguo enfiando a cabeça toda dentro d’água, e aproveito e te chamo pra mergulhar comigo na cachoeira, pra lavar a alma, pra escapar de onde me quer você. Volto a abrir a janela grande e de vidro, vento me mostra o frio que abraço como se fosse seu corpo. Esquento o tempo todo meu corpo pra que te aqueça, caso queira, caso precise, caso me esqueça.

escorro

A terra que piso é santa, compactada, com a chuva dos dias de entrada do verão, ela foi se soltando, grão a grão, e escorrendo. Primeiro à minha volta, eu vi, depois por debaixo de mim. As flores dobraram os caules. Escorregadio o piso, caí, tentei manter-me de pé, segurei em plantas novas, recém nascidas, pequenas, mas ainda assim tentei me agarrar a elas. De joelhos estou olhando para onde estava, espero o sol secar a terra. Subida de volta, ou continuo escorrendo?

Apenas dois pontos de vista que foram vistos, errado e maldito, gêmeos não parecidos. Escolha outro doce, rode em volta da mesa, a conclusão não será a mesma. Entendimento e tempo se combinam, esperando o saber daqueles que amam.

era

Era surdo, era mudo, era falado. Era tudo, era mundo, era fundo, era gritado. Era meu, era seu, era para mais ninguém. Era estrela, era planeta, era lua. Eram os meus olhos, os seus, eram olhares. Era pensamento, era momento, era saudade. Era suspiro, respiro, era sem ar. Era fome, era jejum, por dias inteiros. Era sonho, era insônia, era acordar. Era verdade, era mentira, era no meio. Era encontro, era perdido, era esbarro. Era conto, era canto, era poesia. Era espanto, era, um tanto, Era um tanto, era no entanto, bastante. Era você, era eu, por eras.

seu 2

Vento sempre trouxe tristeza, sempre levou embora saudade de nunca. A própria saudade. Aquela espera de alguém que chega e abraça sonhos. Beijo com a boca ainda seca. Vento transeunte que dá a volta em volta da casa. E sempre volta ele mesmo Dono de mim que me leva pra quem me queira Pra quem brinca comigo Dedos nas pontas dos meus.

corrige

Seu crer espanta, sopra o sentido correto. Suas falas deturpam, de todo o escrito. Sua verdade, corrige a rota. Meu credo, era vento de tempestade. Minhas falas, foram poucas. Meu escrito, foi o sentido. Meu caminho, é o seu

nada 2

Ainda que haja tempo para incompreensível misericórdia, Que seja perfeita a fórmula dos pares, Mesmo que a paixão espalhe as folhas escritas, Não teria, eu, o dia. Apesar da certeza que impede o errar, Mesmo que não seja exato escolher, Que seja o claro sobre a escuridão, E impossível viver o amar. Agora não espero mais cartas, Escrever pede notícias de ontem, Olho para dentro do rosto, Hoje não terei o hoje. Os contornos serão disformes aos olhar, O céu pesará sobre a cabeça, As falas serão igualadas, Sem a incerteza, viverei?

esta alegria fingida

Esta alegria fingida. Esta fugidia de mim. Estes dedos que chupam doces. Restos nas pontas que agora apontam somente para mim. Não tenho mais que deixar de escolher, faço apostas no dia de hoje Recolhi o resultado antes da meia-noite. Suporto tudo, menos a revolta pelo amanhã já escrito no livro que já me deu. Estendo a toalha no úmido mesmo, o cheiro que fica destoa de tudo que é de hoje. Minha cara lavada, minha cara do pau de ferro, está mais dura, mais feia, mais cortante aos meus olhares. Ou eu fiquei mais moço? Depois que aprendi a jogar-me do alto de edifício, ficou mais fácil ser passarinho, mesmo sem as asas que criei quando me apaixonei.

fim

Quero pintar os muros, abrir portões em seus tijolos escuros, arrancar a grama do meu jardim, tomar a chuva que hoje cai sem fim. Quero subir morros com barro escorrendo em enxurrada, quero lago transbordando e levando meus pertences, quero que me cegue a manhã coberta de névoa fria. Hoje em mim eu não quero nada, quero ser nada, quero não pensar e nem escrever. Quero não querer, não lembrar e nem ser. Quero seu pensamento voando e sentindo livre queda, ao vento, descendo, colhendo sua resposta, sua melhora, seu destino e desejo.

Lua cheia

Toda hora eu vou lá na caixa. Pra ver se alguém deixou carta, bilhete ou uma citação. Escuto música baixinho e aquelas letras entram gritando: tô querendo, tô parado, tô pensando. Os muros daqui de casa já descascaram de esperar alguém subir neles e olhar para os lados onde o sol brota. Por onde vem seu viver. Se ventar fosse seu nome, teria você no meu rosto todo dia. Vi que a lua não dá fome, não faz companhia e nem cantarola no meu ouvido. Ela fica é me olhando como se esperasse que eu saisse daqui correndo e fosse morar em coração de almofada, com azul bordado nos seus cantos e mão sobre minha cabeça. Acalma bichinho ferido! Olho a estrada prá trás e me dá vontade de te chamar pra ver onde eu tenho andado cantando e uivando feito lobo de bosque. Boto em você seu chapéu e cubro uma parte do olhar que nunca será tanque pra eu mergulhar.

certa

Esta tua certeza me provoca um sentimento de querer te dominar. Prender-te em meus braços até confessares que me desejas peito a peito. Presos em teus olhos, meus olhos vão para onde me levares também. Se for ali que poderei te ter como doce na ponta da língua, deliciosamente saborosa, eu estarei. Conquista-me de forma calma, passo a passo, como andasse em tuas terras. Como se eu fosse onde deves plantar suas plantas de sabores que preferes. E quando quiseres colher, de acordo com a estação, me pegue pela mão, me leve junto a ti para provar seus sabores. Cante-me sua canção preferida, ensina-me teu tom, faça tua melodia em minha vida. Constranjo-me dizer-te teu, apressado em querer ter-me conquistado por ti. Faça-me, toma-me. Quero-te, enquanto sou teu.

é melhor

Posso entregar-te para sua vida Devolve-la ao caminho Fechar meus olhos ao te ver dançando Cobrir minha cabeça a luz da lua Fechar a boca ao cantor Contar pra quem quer o que quero Sumir no trãnsito quando te ultrapassar Orar ao Santo pra te dar seu tanto Escrever no canto do seu aroma Escolher calado, por você.

suas coisas

seu cabelo preso seus olhos semi fechados seu fluxo seu refluxo sua cor sua dança aos treze seus cadeados seus cds estragados sua crença seus músculos suas pintas seus relógios variados seus ouvidos seus gritos seus suaves exercícios seus alongamentos sua bronca sua sandália branca suas camisetas suas poucas palavras suas aulas seus pulos seu cabelo solto sua roupa rosa sua roupa verde sua boca seus olhos sua voz suas abelhas nossa bicicleta pra ir embora

loucura

ao te causar um algo, isto me dará cinco minutos de prorrogação no meu tempo ao teu lado. ao teu olhar no meu, me ligarei a ele com a liga da cumplicidade implicita e querida por ambos. ao teu desejo de amar, me estabilizarei no tempo para que se decida antes de se entregar um ao outro. às tuas festas, eu me juntarei com total alegria em saber que anos virão com a alegria de ser querida por muitos. ao teu tempo, eu estarei distante em algum momento provável e desejo que ainda distante. ao teu desejo por mim, darei um passo em direção ao seu um passo. ao meu sonho este, me tenha como louco. à minha loucura, me tenha são de desejo de ser tua toda minha loucura por te ter.

algo

Teu algo me faz. Algo teu me fez. Sou algo teu. Algo sou Com teu algo. Sou teu Meu algo. Algo meu, Sou teu, Todo teu.

tentativa

Onde eu busco o remédio para o passo certo, Onde dou ao destino a chance de não me achar, Onde a censura passará sem me marcar, Onde está o amor que me cercará de concreto? Isto tudo me tranca onde quer que eu esteja, Já voei por causa disto mas agora estou parado, Sentindo-me por dentro como quebrado, Meus olhos estão fechados e o coração lateja. A vida não contará o que não vivi, A quem minha alma se apegou, Nada colherá a lágrima que verti, Estou olhando a porta que se fechou. Não havia quem entendesse as palavras, Quem quisesse apenas senti-las, Para guardar um alimento que cresceu por muitos anos, Esperando quem colhesse os ramos. Caiu a semente na areia, A ave que a come, voa, E eu olho, asas abertas dela, Escreve o nome que não é meu.

caminho

Cheguei em um lugar que não sei qual é. Num momento estava caminhando sob o sol, Mas agora olho pra cima e somente vejo planetas. Todos são distantes e não consigo tocá-los. Já tive estrelas nas mãos, Toquei cordas que soaram em ouvidos brancos, Voei com o vento no alto das montanhas, Já vi a terra se abrir para a planta nascer. O que me trouxe até aqui, Como construí esta parede tão alta, Qual a cor do ultimo olho que vi, Qual era o tom daquela voz? Desenhei contorno em dedos longos, Envolvi meus braços em corpos amáveis, Amei momentos eternamente, E passei horas esperando um retorno. Agora, neste exato agora, Eu tenho a companhia do ausente, Eu tenho a memória do sonho, Passado enclausurado dentro de mim. A chave, Não é a mesma. Não sou mais eu Não ando mais só.

boca

Me beija! Sua boca pede. Beijo! Quero um beijo! Ela suplica. Atender a este pedido é quase um pecado, pois tampa-los à visão parece errado. Sentir tão saborosos lábios, tão macios lábios encostar os meus, é ir e voltar, ir e voltar, ir e voltar. Pede de novo belos lábios: Me beija!

esquecera

Esquecer me parece uma prece de quem prefere não sentir ao ver a outra parte de quem nos vê como uma chama. Um pedaço da alma minha, sei não qual, une-se ao que a toca e aquela muda de cor, se transforma em algo alongado, esticado, impossível de se manter normal em forma reconhecível. Acho que é como a alma fica dentro de mim que me incomoda o corpo. Os poros do meu braço não sudoram normalmente, sinto o vento sair com força por eles, parece asa pedindo para crescer e se aventurar por onde não tem chão por perto, onde só tem o cheiro do ar, nuvem branca e arco-íris cor de rosa. Não dá pra ver o verde lá em baixo, mas gosto de saber que ele está ali. Completamente e repleto de esperança por uma segunda ou quarta chance, eu pulo o terço pois eu sei que a terça parte é sua pra descansar e guardar o dia que é santo. Sei salteado quais são os dias. De trás pra frente eu lembro e de frente pra trás eu sonho. Então eu não esqueço, não apago, apenas escrevo sem parar. Esquecer é a fórmula que ...

pasta

solução encontrada em tempo hábil é aquela que chega quando vc não aguenta, vc já está pra lá de quebrado, cansado, desistindo, sufocado. qualquer oba! me serve quando estou acabando. escolho o mergulho, tem a hora pra pular do alto sem conhecer o fundo. de coral? de muitas águas? são profundas? escovo meu cabelo pra vc me ver e eu ver vc sorrindo ao me ver.

descanso

estas marcas ficarão na areia e eu não olharei para trás. elas que se apaguem com o tempo, que se cubram a si mesmas com areia fina que está a sua volta. minhas coxas estão cansadas e queimadas pelo sol e meus braços ficam agora estendidos ao longo do corpo. olho ao longe e vejo que a distância não acaba e o som é apenas acompanhante e paisagem passageira. sinto que chegar não me fará estar e mudar de direção e retornar é impossível. meus calcanhares não aguentam o giro veloz que precisaria. caminho porque preciso andar para alguma direção. qualquer uma me satisfará. enquanto caminho, faço. passei de onde iria descansar pois o descanso e água nova estavam não ao alcance. vi, estiquei-me o mais que pude mas não alcancei. não era meu. nem a flor.

O que é melhor?

Uma colher de seu mel me enche de cura inconseqüente. Umas duas ou três palavras rimadas pelo seu jeito de dizer me convencem. Do dia de hoje. E me basta.

como

O quê seria se não fosse eu cheio de querer? Seria como não imaginar nem sonhar. Não pestanejaria, não completaria o fechar dos olhos. Seria ver a chuva apenas molhar e não escorrer, Respirar sem suspirar e se reabastecer de letras. Flores do campo sem colher para você.

Branca 1

Altiva, viva, espinha dorsal da minha vida. Tu és flor branca de nuvem no céu que meus olhos nela vão e vem. Meus dois braços são de teus olhos e juntam minhas palmas e me chamam de mergulhador. As pontas onde terminam teus cabelos, são ventiladas pelo vento de onde cheiro meu suspiro. Tuas mãos e pés, extremidades extremas, pontos de chegada do tato e partida da vontade de voltar. E tua boca treme meu corpo de desejo de ser teu meu beijo. Sua memória é eternizada em minhas, que são suas na verdade, estas palavras que estão onde imagino e sonho que estás. Em mim, tu és tudo, de tudo em mim.

talvez

Não quero saber nem que sim nem que não. Quero saber de talvez. O talvez que me excita. O talvez me trás as expectativas de olhares fortuitos com cumplicidade não consentida. Trará-me alegria durante os dias inteiros enquanto não tiver a certeza de te ver. Terei o sol mais cedo que a alvorada das horas, isto me dará o talvez. Esperando um tipo de milagre que os céus talvez entendam por bem trazer. Em uma outra hora talvez eu queira seu sim também, mas me dê seu talvez. Talvez me lembra sempre você.

mulher tátil

Mulher, é certa sua presença entrecortando outras chamadas. Ocupando espaços nas laterais e preenchendo o não vazio. Tragando olhares redondos saídos de olhos cegos de outras. Trazes palavras de volta, ao batente músculo meu. Mulher, suspirante motivo sem raciocínio sobre outros dias. Mulher em movimento, em lento mover de gravação pela lente do olho. Mulher filha de deus, criada para inspirar. Mulher do tato, sem meu toque és nada de tátil. Corpo dócil, levemente leve como de nuvens brancas. Viajas mulher. Eu te lembro mulher, Tu mulher que é mulher

dever

Diz-me que devo o que sei que devo. Mas se sei que devo, o que devo dizer, pra quem eu devo, dizer que devo? Sei que devo, sei que devo. Mas devo dizer, pra quem eu acho que devo, dizer que devo, que devo dizer, que não devo, dizer o que devo.

descoberto

Eu quero estar longe no fundo de uma janela escura. Quero olhar sem você me ver. Quero que olhe pra mim e me veja sob a sombra. Que você não descubra como sou. Que seja difícil me ver inteiro. Que eu esteja bem distante quando quiser me tocar. Que seja eu, como é agora para mim. Que seja enfim como tem que ser.

disto

E agora cobertos de razões, já podemos adormecer nossas paixões. Suportar toda dor, de não termos, com todas as escoras que nos deu o senhor do tempo. Contemplarmos um ao outro, como olhar-se no espelho sem enxergar quem queremos ser. Abraçar sem sentir o corpo quente do outro, pois já podemos sentir frio sem querer cobertor. Olhemos nos olhos um do outro, já que a distância não trará nenhum amor.

há luz

o que há por trás do verde? o que veste a rosa cor? qual o peso que o branco suporta? o que são as outras cores a sua volta? molduras é o que são. branca tela, negas meu pincel, meus tons são seus, por agora, por hora, por vida que agora teima e me suporta, por ti. o que tens de tão verde? de tão pura cor?

impeça

Impeça o desejo Peça meu beijo Aproxime do meu plexo Negue o sexo Sinta o que sinto Um instante... Sinta minha pele Cheire meu cheiro Olhe em mim Bem dentro Outro instante... Sonhe comigo Sonho de dois Deite depois Pense um pouco Por um instante.

aberto

Minhas perguntas não são feitas para mim em todo tempo, já que não quero ou não posso respondê-las agora. Faço perguntas ao vento, aspirando mais sentimentos do que respostas. Pergunto a lua com um olhar de me leva e me deixa ser o motivo para ver. Pergunto ao tempo, quanto tempo e quando. Minhas perguntas são montadas em cima de folhas secas que piso quando caminho pensando em você. São montadas no barulho do e-mail chegando, da página se abrindo, à mensagem enviada. Pergunto á madrugada se haverá uma alvorada ao seu lado e se tocará uma música qualquer antes, durante e depois. Para ficar marcada como relevo na capa do romance que vivi ao seu lado. Pergunto aqui e ali se o querer do não poder é justo. Se é irrepreensível. Pergunto, às minhas lágrimas, se elas continuaram a causar-me desamparo. Pergunto com letras, como estas que te escrevo, se me querer pode ser assim tão distante, tão distante, tão ausente de algum sinal. Pergunto quando o riso me vem, se entrego a ti ou deixo ficar ...

crédito seu

Quando permaneço longo tempo próximo ao intocável, percebo melhor o contorno de tudo que vai, ou o que está imóvel. Fotografo o movimento e dou-lhe a forma de um rosto. Ou quando quero filmar vejo o balanço, pra lá e pra cá, como se fosse cabelo dançando. Aquelas cores verdes, marrons, cinzas ou rosas, me emocionam até eu ver outra e mais outra e depois outra. Vou sem pés e o corpo em seguida mergulha em rasante sobre tudo que passo a amar. Existe silêncio na voz mais gritante, existe melodia nas folhas que caem. Há uma doçura no vento e caminhar contra ele é me levar ao destino que me quer. Espero, sem perder a esperança, pois ela me vem sempre que me lembro, sempre que sonho, sempre que imagino, sempre que desenho seu contorno, de seu rosto, em tudo que acredito agora.

aperta meu ombro

O teu braço dá a volta e me aperta do lado contrário, Do lado de lá eu te olho e não vejo teu olhar, Acelero o mais que posso mas levanta a cabeça e deixa-me, Quando mergulho não escuto e não vejo o meu desejo, Mas te vejo dentro de mim. Como partir sem saber se me quer, Sem olhar para trás e esperar que venha me ouvir. Escuta agora meu pedido de perdão. Mando embora o que não pode ser seu, O que não podia aparecer. Você caminha sobre os paralelepípedos, Atravessa a mata fechada e reservada, E eu quieto escrevo no ímpeto, Não estou só, estou somente esperando o não.

dizer

Difícil é dizer sabendo que não poderia ser dito, Ter sentido é o inverso do que sinto. Minhas são as dores de ter o querer em todo tempo, Temer o que não vejo e que está em todo lugar, É o que eu não entendo. Onde abandonar, quando largar na caminhada o que pesa, Com que pesar penso em não carregar, O que completamente me esvazia, Constantemente é assim que me vens renovar.

vírgula

Por ter robustez a tua imagem em mim, De ser densa vontade de querer-te, Para ser feliz enquanto sonho, Em sentir-me louco por não querer te perder, De tanto entender que não queres querer; Coloco um ponto acima da vírgula, Um suspiro ao juntar cílios, Uma palavra atrás da outra sem parar, Um sentido, um sentir na vida sentir.

aqui

Nego até a morte o desprazer de não te dizer Abro meu abraço e te abarco neste ser Abaixo da mentira que me diz estou eu Seguro o véu pelo instante de ver A passagem fecha depois que entro Retorno do nada Canso de pensar quatro vezes Antes de olhar por trás de mim E você não está aqui.

Poema de Ken Drew

Esse mundo tão sombrio Escuro e desconhecido Transpõe-se á cada instante Incandescido á cada grito em cada gemido de horror Absorvido em minhas alusões Desconexo é o sentido da vida e nela como um todo a semelhança com nossa eternidade e mesmo q seja tão bela navega por de trás dos nossos olhos e simplesmente a vemos passar

precisa

Principio de alegria e tchau A seleção de sua alma faminta Mira em mim o milagre Sei que você me quer mais. O dobro de dar A dobra na dor que me dá Sem alguém pedir de novo No sul é frio pra mim. Moro relembrando O homem sou eu E volto pra cá Durmo debaixo da escada. Subindo pra casa Subindo pra casa Eu Eu subindo pra casa. Olhe pra mim Estou em casa E vivo por isto Eu vivo.

Poema de Ferreira Gullar

Cantiga para não morrer Quando você for se embora, moça branca como a neve, me leve. Se acaso você não possa me carregar pela mão, menina branca de neve, me leve no coração. Se no coração não possa por acaso me levar, moça de sonho e de neve, me leve no seu lembrar. E se aí também não possa por tanta coisa que leve já viva em seu pensamento, menina branca de neve, me leve no esquecimento.

sinais

Chinelo no branco de meu piso Calça no verde da minha grama Flor rosa na roupa Óculos escuros no seu sol Sorriso ao me ver, ao te ver Toque na mão sem querer Material guardado no cesto Bailado estampado Silêncio quebrado

letra

Ao ler não acontece de perder Relembra toda a esperança. Algo muda pois precisa ser trocada Já que a rega não vem. De quem é o que produz calada? São meus os não escritos? Tens algo que não é meu Mas eu já dei o que te pertence. Seu pedaço em mim Será sempre, unicamente teu.

cristal

Não posso mais dizer o que penso Quero estar e viver. O silencio que se fez Transforma em cristal tudo que faço. É leve o que levo até lá E a dor me trás de volta até aqui. As fotos são inocentes e mesmo assim incendeiam Troco tudo por quase nada que tem guardado. Traga as imagens que criei Deixe um pedaço do que é seu.

o céu

Quero te dar umas palavras pequena dama O céu não posso te dar Nem te levar para comigo voar Não te darei promessas de amor agora Pois não sei o que é te amar Não tenho impressão que o porvir é todo seu Quero apenas ficar quieto ao lado teu Calado, sem música, sem luz de cinema Do seu jeito Quero me cegar Para perto você chegar.

uma parte

Onde é que está o mar que eu ouvi por sua causa? Onde está a luz que você ligou em mim? Onde está sua respiração que eu escutei atento? Eu quero voar pra te encontrar lá naquele lugar Onde o rei fala comigo Onde minha vida não tem divisão Eu quero encontrar com minha dama Que me alegra e anima minha vida E se eu passar desta volta que o mundo deu Eu voltarei a respirar por você Onde está a mágica de sonhar? Onde ouvir a musica que lhe escrevi? Qual linguagem falar? Você precisa entender que uma parte de mim é você.

finjo

Finjo gostar mais de mim quando digo que não te quero nos minutos que te vejo. Nos outros todos te quero todos os outros. Quando vejo que te vejo é que eu ensejo que a minha vida seja este momento. Impeço o seu pedido dentro de mim pois te desejo mais que seu desejo. Eu prevaleço e venço as vezes que distraio e me guardo de me querer bem. Dentro está o que é minha expectativa de dar a parte que não me cabe guardar. Diz-me se é falso, o que sua experiência diz, o que te digo em poesia.

é

É uma lembrança que vem do cheiro do vento, de perfume no cabelo. É aperto de pensar se vem de novo o novo, o bom gosto de saliva, de boca na boca. É saudade de pensar saudade, inocência de perguntar quando vem, quando ver. Lembrar suave de suave tocar no braço, nos dedos e voltar. Na pergunta profunda sem palavra alguma feita no olhar nos olhos. É a saudade da saudade da distância que ainda não existe e falta quando o outro há. É ver e simples gostar de precisar ter de quando e de vez. É pular o minuto seguinte se o telefone não toca e a rede não chama. É você. Sou eu. Só eu. Só você.

janela / 1

Tua, é minha janela que debruço, e de lá faço versos, declamo quando tu passas em seus passos de dança. Tua janela é meu pouso, descanso e sono. Sonho em te ouvir me ouvindo no meu peito. Esta janela é a moldura do homem que sou, na parede que me colocaste.

saber

Seria inútil saber, neste agora, saber Que tudo é inútil saber O que você pensou e calou. Será inútil dizer, amanhã, saberá O que você quis dizer Se você amanhã amará. Será consolo pensar, ontem, eu já sabia Que tudo que é inútil pensar Se você não dizia O que você não queria. Será útil pra nós Será amanhã pra você Será ontem só.

é sua.

Não posso deixar de anotar que vi seu olhar. Não sei bem o que vi, mas vou tentar dizer. Bela! Seu seio no vão, não em vão, e sim pedaço de amor. Seu cabelo, desfilo contigo em qualquer lugar. É minha, é minha musa. Minha lady, meu leite, doçura. Brava mulher, sua vida é linda. Apaixonado eu te diria que minha vida é sua, se seu eu já fosse. Incesto ao certo ou incerto amor. Carinho, tato e músculo. Admiro sua verdade, sua coragem, seu silêncio e entrega. À sua vitória, sou seu general, sargento, ajudante-de-ordem. Quero você nos meus braços, no meu colo, na minha boca e na minha poesia. Você é personagem, personalidade que ainda não conheço. Não te perco para a razão. Soletro seu nome na porta do céu. Abra! Ela, minha vida está aí! É momento, mas é pesado, embalado e despachado. Entregue em minha memória quando preciso ser feliz.

vou

se a espera é pena para escrever sou papel sobre a mesa e espero seu peso. se o silêncio é sua mente pedindo tempo minha conquista será minuto a minuto. se for tudo o que quer para o resto de sua vida eu darei o passo seguinte. se for apenas seu sonho, se for apenas minha imaginação algo já está no ar.

você baila no ar

Você baila no ar Leve. Me leva de forma óbvia Eu falo. Sua voz é foz Enche meu tempo. Meu apelo após E durante supre. Imagem esbelta Lisa e bela. Fechas os olhos O sol é seu. Roupa verde verte a rosa. Para casa Escola e decola. Alonga o pesar Por ser o poder Dizendo não.

Seja gaia

Sorrir, sorrir e ir. Leva-me e deixa a expressão completa. Sorrir em sua insuficiência... se é finito o sorriso que se complete quando o frio chega Seja-me suficiente, e me deixa repleto de ti Não gosto da plenitude... tudo que é pleno se limita... Mas no instante em que tenho, não tenho o limite em mim. *autora anônima (ou como queira)

Leve

Paciência do meu beijo no seu rosto Concerto da sua voz Seus olhos eternos Seus braços insistentes Suas pernas no balé Seus cabelos seus Sua pele leve. Esperança do seu toque no meu braço.

como salvar?

Lógico que eu não quero o fim da minha vida também não a quero dividida entre terços e quintos onde arranco o ouro, onde no pedaço no asfalto pratico o assalto e me espalho no resto do dia. Um carro arranca comigo e outro vai para outro E eu dando adeus da janela com os olhos molhados Onde eu lavo minha garganta Onde canto no canto E me escondo um tanto Que me sobra no pouco tempo que tenho. Help eu grito e nem o editor entende que paro pra me ouvir Minha escolha encolheu minha vida Tudo ficou importante e desinteressante Cheira a ver com dois olhos e não aos pares Impeça-me de parar, me peça para ir Não toque meu lápis Meus dedos Meu ser, meu laptop te esconde. O local não existe mais para voltar e eu não quero minha vida de volta Aquela já acabou Outra música que tocar será minha preferida Outra hora Outra espera Outra eu quero Eu quero outra vida. Agora ou depois, tanto faz.

me trouxe

A flor quem me trouxe? Foram as águas que trouxeram. A flor preferida quem levou? Foram as primeiras águas quem levaram. Em qual olhar mergulharia tão fundo, tão fundo? Em seu mundo, em seu mundo.

alvo

Se a palavra revelou o alvo Se a alma suportou o erro Se o perdão me aproximou de ser Eu me rendo inteiro Eu me detenho Eu sou todo seu. As estrêlas criadas Os mares imensos Todas as montanhas Todo ser que aqui habita Deveria saber Meu desejo agora Poder te conhecer e reconhecer. Eu não sei o que sou O que virei a ser Qual será o sentido E o que pretendo Com tudo isto. Dizer que ainda espero Sonhar com o que eu quero Com o que me deste Naquele instante Em que te conheci. Você está em mim Na ponta dos meus dedos No fundo do meu coração Em todos os sentidos Você simplesmente é. Mesmo sem te ver Sem ouvir sua voz Sem sentir o toque Sua presença ocupa meu viver. Seu poder de mudar meu mundo E mudar minha sorte Trazer a alegria Torna-me mais forte Para eu viver. Sem você nada é completo Por isto eu espero Estar mais pleno Com o seu amor.

Resistência

A minha insistência é parte do lamento do que criei Minha tristeza é parte do que sonhei pra nós E agora vem o tempo de chuva e ficarei mais em ti do que em mim Eu sou de você a partir do momento que me lembro de pensar Já nem sei o que falar pra te convencer que eu sou assim Porquê jogar fora o que eu arranquei de mim? Pois as coisas são assim, você diz Mas falar me exercita a mente e eu não deixo para semente o que é seu. Se morrer o que há em mim o que darei pra você? Arritmia, seu carinho é sua voz. Sossegado, sou eu pensando em nós. Esperando, a solução a sós. Eu procuro a saída ou a porta da entrada por onde eu vim. Se eu não falasse, seria falsa a promessa que fiz Manter fechada e murada minha casa. Resistência, é você quem faz, Poesia, fui eu quem fez. A paixão só está em mim.

baixinho

Você está sozinha? Você pode chorar baixinho? Pode ir lá para fora? Eu não. Podemos agora chorar juntinhos, Podemos sentir o principio do frio, pensar que nada acaba. Antes de querermos, de podermos. Ser. Um tanto que nos baste, por um momento, por nós apenas.

Peça

Cópia da cópia que está, simulacro será teu nome para mim, produzindo a ilusão de amor. Tu, imagem, oposta a realidade me enlaça. Ultrapasso meu senso, desfaço meus próprios teores, em determinado momento. Tua, é minha, aponho-a em tua mente. Entendo a posse da razão, que está em ti, não em mim, a necessidade sim. Tu és, agora és, sempre serás a incógnita.

instantes

não escrevo mais como antes. antes eu a achava atrás das letras. por sobre as palavras eu a deitava./ não consigo fechar os olhos mais. não lembro de sua voz. não sinto seu cheiro./a busca acabou comigo. não sei quando termina. você não está na próxima curva./não pareço com algo semelhante. não sou da forma desenhada em sua mente. seu olhar não me fixa./instantes. palavras. audição apenas.

alternativa

Poderia apenas pensar, Sem tocar em ti. Poderá viajar sem mim, Sem abraço no frio. Assim eu sofrerei por não ter nada. Neste mundo eu encontrei você E você parece que está aqui Você parece que está ali. Eu não te conheço pra te falar que te admiro Mas que alternativa eu tenho? Não sei, não sei. Prefiro a mentira, Se me disser que não quer minha companhia. Sua boca eu espero, sua boca macia Na minha. Que sonhos eu tenho com você. Poderia pensar apenas em ter você, Apenas em mim. Que alternativa eu tenho?

palma

Queria abrir minha mão e ver você Como vi hoje. Ou decorar sua voz baixa Quase um sopro, um me socorre. É assim que te vejo às vezes Uma flor, uma delicadeza. Você me empolga, me desacelera Me toma quase todo os motivos. Sabe que hoje te beijei? Com os olhos te dei um pequeno beijo. É assim que eu tenho você Se você me tem.  

Uma mensagem imperial - Kafka

O imperador – assim dizem – enviou a ti, súdito solitário e lastimável, sombra ínfima ante o sol imperial, refugiada na mais remota distância, justamente a ti o imperador enviou, do leito de morte, uma mensagem. Fez ajoelhar-se o mensageiro ao pé da cama e sussurrou-lhe a mensagem no ouvido; tão importante lhe parecia, que mandou repeti-la em seu próprio ouvido. Assentindo com a cabeça, confirmou a exatidão das palavras. E, diante da turba reunida para assistir à sua morte – haviam derrubado todas as paredes impeditivas, e na escadaria em curva ampla e elevada, dispostos em círculo, estavam os grandes do império –, diante de todos, despachou o mensageiro. De pronto, este se pôs em marcha, homem vigoroso, incansável. Estendendo ora um braço, ora outro, abre passagem em meio à multidão; quando encontra obstáculo, aponta no peito a insígnia do sol; avança facilmente, como ninguém. Mas a multidão é enorme; suas moradas não têm fim. Fosse livre o terreno, como voaria, breve ouvirias na port...

Você diz agora

Não sei o que despertou você gostar de mim, não podemos ter futuro. Eu sei o seu passado e seu presente. Portanto não peça que eu vire meu mundo ou que perca a cabeça. O retorno e logo ali, volte e me esqueça. Você sabe bem o que falar o que tem dentro, mas em mim não há nada acontecendo. Por favor me entenda, é assim meu momento. As palavras falam a sua verdade mas mentem sobre o que virá. Sei que parto seu coração quando não falo, por isto te ligo na terça, mas ouça o que te falo agora. O retorno e logo ali, volte e me esqueça.