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Mostrando postagens de junho, 2008

xotinho

q uerendo que ficasse o mistério, eu lhe disse tudo que pensava. faz-me um carinho mais e me diz qual é seu segredo maior. és casada, já sei. por isto andas tão recatada e nem me admite um olhar. um sorriso já me deste e um rebolado também, se bem que este não vou contar. pra ninguém, nem pra efeito contábil. se sou eu compromissado, que te importa se nem chegas na porta pra me ver passar? eu escrevo poesia, se tens alma -o que eu já duvido - devias ler qualquer uma e enxergaria uma pontinha de tudo, que sinto bem aqui. sua amiga, de infância imagino, me disse que saiste a passear e como a cidade não é grande, saí eu a te procurar. qual não foi minha surpresa que nem consegui sair do lugar, pois estava acorrentado e ferido preso no meu devido lugar. perdido no meio do sentido, também não pude mais nem falar. quando voltares , se quiseres conversar, saiba que tens em mim um amigo que te quis o bastante, pra agora querer so te olhar...

poesinha 1

e u não escrevo poesia. poesia, poesia mesmo não. nem busco medição, coincidência, ritmo ou mechas no cabelo. procuro é um abraço, uma pinta, sorriso despistado e uma olhada que só ela entende. entende?

fome 2

t enho a fome que seca meu corpo. tenho a fome que toca meu orgão. tenho a fome da carne. tenho a carne, não tenho o corpo. toco meu orgão.

fome 1

a fome veio e me tomou o corpo todo. era a tarde do dia seguinte e seu desleixo havia me deixado deitado, de quatro,com seu soslaio imaginade. tentei levantar e me lavar mas a fome era tanta quem nem tive a força. se estivesse aqui e eu pudesse me virar de lado e te tocar. vi você na fronha, branca, e não vi cor quase mais nenhuma que me chamasse outra atençao. só seus olhos não eram tudo. eram só.

rápido, antes que acabe a eletricidade

Fiz 63! Completados hoje, agorinha. Não sei se serão lembrados. Sei que todos foram vividos muito intensamente e nasceram de ti! Inclusive este minha flor escondida. Imagino você no campo, uma única flor, vermelha, caule longo, duas folhinhas pequens grudam nele, não são seu sexo, mas são a parte que chamam a atenção. São seus bracinhos fininhos, fininhos que balançam junto ao seu corpo de flor, ao vento, ao mover-se, ao dançar. Sua cabeça, está voltada para cima, buscando o sol e dela suas pétalas saem, abrndo-se para o beijo. Você balança ao vento ou é ele que se move a sua volta?

Sonho

Meus sonhos eu coloco no coração. Mas não dentro, é atrás onde eu ponho. Como se fosse atrás da porta. De vez em quando eu teimo em tirar de lá. Ou então os vejo pela fresta e temo que já não caibam tantos. Aí eu arrumo outra porta que possa recebê-los.

Clama

Ruiram! Eram duas pernas grandes, de altura e finura inimagináveis, que pisavam sem preocupar em pisar em ovos, esmagá-los, ter seu interior grudado nos pés nus. Deram passos por cima e a cada passo eles tocavam os céus com as pontas dos pés e de lá espantavam os anjos do Senhor que dali olhavam tudo e quando isto acontecia, eles espantados em si mesmos, duvidavam incrédulos do que viam ser escrito, marcado - rastros no coração de outros - no chão, piso lustrado para um casamento, que refletia a glória do céu aqui na terra. Caído, não viu que o sol, durante o dia, que não via ou o frio, que durante a noite, não sentia, eram obras dos anjos que o guardavam. Ordem do alto. Do altíssimo. E então descansou sob a sombra.Do Altíssimo.

Põe aqui as armas que usou.

Arrancou a poesia de dentro dele e a segurou no alto da cabeça. Foi carregando aquela coisa pelas ruas sem preocupar se ia secando ao longo do caminho. Enquanto ele vencia os dias, mais seus pés ficavam menores quase já chegando em suas canelas. Afundava. Sentou na sombra da noite e chorou aos pés da musa e pediu um novo calcanhar. A musa entregou, ele gostou, um cotovelo quebrado, um crânio partido e ainda lhe lacerou os dois joelhos. Abriu seus olhos tão de repente, a musa faz e desfaz, que nem deu tempo, apesar do tempo que já estava ali, para sorver toda luz amarela que entrou. Sua pele esquentou abaixo de seus olhos, a boca travou. Agora estava pronto. A respiração ainda era a mesma, a esperança queria ir embora rapidinho dali, pra que ele pudesse ir atrás.

sem plástica nenhuma

Coração embalado em plástico, meio apertado, meio folgado. Pra não morrer de vez, uma vez que a carne foi fraca, agora tem que colocá-lo na geladeira ou no freezer e esperar quando for descongelar. Pra comer, pra suar, por dentro e por fora.

Entenda

Understand Joss Stone Composição: J.Stone,B.Wright,A.Morris,M.Mangini.S.Greenberg Eu espero que você entenda Que eu não posso sempre ir quando você liga Entenda que todos têm seus defeitos Por favor entenda não se preocupe com quem eu estou ou o que eu faço Porque eu entendo que estou apaixonada por você Você entende que eu estou apaixonada por você? Eu continuo repetindo nossa música no meu ipod, mesmo quando eu durmo e no meu sonho eu estou te abraçando sozinhos em uma ilha, só nós dois O último cara me teve, não me tratou como devia Ele sempre reclamava que eu estava tão distante Não me trate desse jeito você tem que confiar em mim, porquê não vou ser comandada Eu espero que você não esteja imaginando coisas Eu espero que sua memória esteja cheia de bons momentos comigo Não se venha me ver, se agora eu não posso atender o telefone Porque você sabe que logo eu estarei voltando para casa

Liga para dar liga.

Fala! Eu não te ligo! Me importo! Mas não te ligo! Me envegonho assim. Totalmente em você. E em você não há eu. Há? Há! Então, me liga! Eu não ligo...

Mores amores

M inha mãe nunca me deu receita nehuma. Eu somente lembro dela saindo. Voltando eu lembro de esperá-la. Lembro, sem muita convicção, dela fazendo feijão. Agora até quase sinto o cheiro do refogado. Com alho, justiça. Lembrar é algo que me dói. O cheiro vem junto e a saudade vem do fundo da alma que é o lugar onde ficam as tristezas. Sua mãe deve ter lhe dado conselhos, modelos de roupas para por nas suas bonecas, medo de homem no escuro, medo de gente estranha, bala oferecida, ladrão de alma. E você, o que faz com as criancinhas? Deixa de ser danado, diria minha mãe e a sua devia dizer também. A lua tá minguando mesmo ou ela já tá cheia de novo? Perdi o tempo de contar a lua. Acho que ela tá vindo mais cedo, depois de me ver assim tão disposto à ela. Minguou a lua. Eu? Eu corei de novo quando vi que tinha decorado sua face. De cór eu sei os dias que passei pensando em você. Mingau na boca eu quero, apesar de não gostar, gosto só do gesto de carinho. Que é o que preciso agora. Não quer

Tiranossauro

T ens me mantido afastado do que? Do bem ou do mal? Tens sentido algo parecido com uma verdade absoluta? Tem sentido ser surda ao grito que te chama? Para um pouco além de suas razões deve haver uma razão, mais justa. Será que devo esperar, palavra que chama-se tempo de dúvida? Com ela vem a dor, e eu já sinto-a. Conseguirei pensar em você sem ter um pingo de dúvida? Seu nome para mim agora é misterio. Nele eu estou envolvido todos os dias desde então. Tens prazer em me fazer esperar, ou me deixar a espera? Sua parcela talvez nem seja sua. Tens alguma convicção que não quer revelar? Algo há, eu sei, mas nada encaixa. Nada me responde. Tens este jeito para tratar o assunto? Me dê uma letra de música, de poesia. Me mande uma melodia que possa guardar. Que seja diferente da que me traz uma quase tristeza. Tens me inspirado , é verdade, mas o respirar começa a falhar. E a dúvida, esta palavra que quer dizer tempo, me interrompe, dá-me medo. O encanto não é nunca maior que a realidade que

Uau!

What is the danger? What I say I want to live. Crazy, passionate. To remember always I want to dive Within you Being more lost When I find I still remember you

Este tempo

Quero estipular para o tempo que todo meu sentimento será teu, quero estipular que não haverá mentira, que haverá paixão e troca de carinho e de carícias. Quero estipular ao tempo que durante o tempo que durar, tudo será lembrado e no final do tempo, que chegará e terá que chegar, ficará o tempo que eu vivi um tempo, que você viveu um tempo. E aí o tempo poderá suspirar.

o avião é mais seguro

Assim eu acho que me queres. Você tem medo? Eu também. Do avião não decolar, de você não acreditar, de mamãe descobrir, de ser feinho pra você, de ficar velho, de ser mentira sua não me querer, de ser verdade. Mas me fala se não. Ou melhor não me fala não se nunca tiver pensado em mim como eu penso em você. Aliás, tô com medo de ouvir isto, mas é melhor isto que o silêncio, o branco total ou o medo de sentir o que sinto e não ter onde escapar. Me dá uma chance de escutar você dizer bem baixinho: eu também tô afim de você.

To be continued II

O que fará ela sair dali? Já tentara de quase tudo... O lado de fora estava pior, é certo, mas ficar ali não podia ser a melhor decisão. Lembrou de uma cena do livro Admirável Mundo Novo, em que um dos personagens tenta convencer o outro, aos berros, a sair de onde estava e não consegue. Teve receio de ter gritado demais com ela naqueles dias e talvez a tivesse assustado de verdade. Como aquele personagem de Aldous Huxley . Pensou em chamá-la pelo nome, trazer-lhe algo familiar, mas ele também tinha seu coração apertado pela dúvida, de ser ainda algo para ela, pensou nisto e o coração apertou mais ainda, e, pela segunda vez em poucos dias teve medo, muito medo. Medo que lhe fazia gelar, começava pelas costas dos braços e ia até a ponta dos dedos. Sentiu seu corpo arrepiar, seu estômago estava revirado. Toda situação aconteceu, pensou ele, por sua causa, tinham se esbarrado a pouco tempo e ele já a olhava como se fosse a única. Queria no início apenas chamar atenção para si e para seus

Solilóquio

Silêncio não obsequioso. Silêncio prudente. Silêncio observado. Palavras? Não sei se o são. Sei sim que calo não. Silêncio esquisito, respeitável, admirável. Até. Até? Áté!

laboratório

S abe o que é minha flor? é que eu acho que eu tô te comovendo com minhas palavras. É que fico pensando o que passa se você passou por algo parecido, se comeu algo que não lhe faz bem lembrar, se desceu na estação errada, sei lá. Converso assim para que a conversa fique leve, meio linda e eu continue preso no raciocícnio lógico. Porque se deixar sair do modo com filtro é capaz de até eu te xingar. Sua...há, há, há. Calma... já voltei. Pois então (como se diz muito hoje em dia...), fico achando-me meio besta de dizer o que digo, e olha que não é pouca coisa. Dá uma conferida nas escolhidas, elegidas (é elegida mesmo!), enumeradas, marcadas na cor da maçã vermelha. Você afinal pensa que o que sinto (somente quando respiro é que sinto), é verdade verdadeira, passageira ou dirigida? Queres amor feinho, cheinho, com cheirinho e com carinho? Algo de gelado acontece no laboratório e que não acontece no mundo estelar, para que você não saia mais de lá.

Gelada?

E la é de gelo. Gelatina ou geléia sou eu. Ela é de voz doce, seu ouvinte eu sou. Ela é olhos, eu não posso nem olhar. Ela não quer, eu. Ela não, nem sei se não. Ela senão, pois não, paixão. Eu? Sonho não!

Mais além

Conscientemente eu almejo ter seu corpo, esquio, escalo, domino. Finco minha bandeira ao alto do monte e acaricio seu manto e sinto o vento de seu suspiro aumentando meu contentamento em estar colado, calado, corpos respirando juntos, sucessivos e conjuntos na respiração vagarosa, prazerosa, momentânea e completa, já que a vida podia terminar agora. O que seria pra manchete que ninguém entenderia o porque de tanta paixão, corpos nus encontrados no ato final. Eu te desejo como mulher que és, como senhorinha, como suco, tomo-o, sorvo-o, e para te enaltecer, digo que és uma delícia, carne viva e branca, leitosa, longa, sem fim e acima e abaixo eu acaricio esta pele, estes poros.

voa

s aio do inferno vou estar no céu amanhã agora é inverno se você bater suas asinhas posso te ver voando pra mim só pra mim.

tá moleza

Coisas que eu sei: o esfíncter arrebenta, uma hora ou outra. Acho que mais a outra do que à 1h; alongar faz bem pra panturrilha; água gelada é fria; gordura bóia na água fria ou quente; prostáta, esfíncter e a outra coisa que esquecí o nome não são a mesma coisa; a Regina não vem; nem a Renata, nem Camila Parker; a professora nunca ganhou maçã nenhuma; o Brasil tá em segundo; o segundo tá parecendo meio; eu não te escuto, não te vejo, bem. meu bem; andar sem pisar é bom; bicicleta é moleza; balé é dureza; pior é o fim; quando não te vejo.

Sementeira

H oje, enfim, cairam as primeiras gotas. Escorreram com dificuldades enormes, terreno rachado. Face ocultada, não vista por você. Preciso de água em minha terra. Quero plantar algo aqui, que eu possa tocar. Sem levantar da minha varanda, carinho. Olhar e contar de pertinho. Sem machucar, sem doer, sem espetar. Sementeira é meu coração. Vem colocar sua plantinha aqui, vem?

vai entender. vai...

T em umas musiquinhas que se não fosse a hora da madrugada e o frio que sinto um pouco acima da minha cintura, eu teria percebido antes... Tem uma que fala assim: "eu não veria flores dentro de mim". Se eu te amasse tanto assim eu também diria isso... Outra diz: "big girls don't cry" E ainda: "te amei no meio do temporal e fui além do vendaval"... Interessante como a mente acompanha o que estamos pensando, ou querendo e sentindo. Um amigo dizia que o homem, ser, faz apenas o que é de interesse próprio. Eu não concordo muito e nem sempre... Afinal quando é de interesse de muitos ou de alguns, ou de ambos, o que parece interesse próprio acaba se tornando...da maioria. Não tem como ser individual? Amar sozinho, apaixonar-se sem apaixonar o outro, libertar-se com a mesma facilidade que se prendeu. Lembrei de outra música: "como se eu fosse flor, você me cheira"... É de uma sinceridade purinha, purinha. Cheirar ela e se lembrar da flor. Ou ao cont

Desaparecido

F iz algo parecido. Passado, me procurou estes dias. Conhecimento, um toque, uma carícia, um beijo, mãos nas mãos e nada mais. Foi para sempre lembrado, insistido, ligado, desligado, procurado. Machucado. Tempos em tempos. Tempo volta e me cobra o perdido. O largado. O absurdo da paixão. A consciência roubada, o cativeiro. Nunca te libertei. Agora presos, você, que mal conheço. Eu, que nem conheço-me.

prazer

ouvi agora uma música que fala, mais uma, do que está acontecendo no mundo. Meu. como somos ligados, parecidos, apesar das distância. Não todos. penso nos beijos, únicos, que nunca aconteceram. Não pra mim.

todas são

confesso em pé mesmo, encostado na parede, junto ao pó, na junção. confesso a mim, primeiro, a você, agora. já havia acontecido, já havia sofrido, já havia esquecido. respiro com dificuldade, suspiro sem parar, descompasso a batida. esperei, me deitei, pensei e vi o dia chegando e me levando de novo e de novo. porque, não me fala, não me toca, não espera, não quer que te leve. leve seria se me ouvisse, se me olhasse e me ajudasse, a esquecer, a não te querer. pensas; olhas menos e sentes mais. confesso não me lembrei como era estar junto à parede, sozinho, perdido, amoroso. me liberta agora que estou ajoelhado, querendo ser calado.

Quarto

F ala a verdade pra galera, eu e você no caso. Achas indecente que andemos juntos, lado a lado, pelo parque de mãos dadas? Hoje em dia é incomum isto, eu sei, mas sei que os tempos mudam. Não quero que me fale tudo que pensas mas podias me dizer se o quero é impossível ou similar. Rogar aos céus, eu sei muitissímo bem, não pega bem. Por que nosso caso é de pecado, mas o que fazer se meu coração não estava no altar quando eu te vi? Se falares comigo o que deves, talvez eu me comporte melhor e até me torne seu amigo menor. Hum... Não sei não, acho que acabaria te amando, pois eu nunca vi um coração tão cíclico como este que lhe fala. É! Cíclico! De tempos em tempos, como um relógio, ele dispara um alarme em mim. E torno eu a me apaixonar. Coração de prata, eu boda, ele bóda. Não sei se a nobre gatissíma poderia me explicar esta doença, ou talvez tratá-la com algum remédio federal, mas seria ótimo tê-la, pelo menos como minha enfermeira diarista. Não te daria um emprego, te daria trabalho

Chegou

C ada dia que passava eu achava que seria aquele o dia. Cada vez que ouvia algo lá fora eu respirava mais rápido e corria até a porta e procurava de onde vinha. Era você, era o vento ou era eu cochilando mais uma vez? Você já respirou como se fosse pela barriga? O ar parece que tá todo lá e nossa respiração fica pesada. Fiquei até cansado de subir até aqui. Não quero mais sentir dor de cotovelo por que lá eu não consigo morder e nem ver direito o que me dói. Quero sentir dor de partida, de parto talvez até, mais uma vez só e basta. Quero ver a lua como ela realmente aparece no céu. Tô cheio de vê-la tão cheia de mim e de você. Mas que ela é bem bonita em dia frio com você pertinho, isto ela é. Mesmo se é só quando estou com os olhos fechadinhos, fechadinhos. Tentei falar com você até por telepatia, para ver se algo acontecia, se eu ganhava tempo, se respirava melhor, se parava de pensar lucidamente, se me copiava em seu desktop, se me parava no sinal, se me atropelava sem me ver, se me

Terço

Que será que pensa minha flor? Serei sonho? Serei verdade? Se é meu o sonho, quem me acordará? Se não me crês, algum dia conhecerá a verdade? Se desejo te tocar, que farei com o desejo quando acabar a vontade de querê-lo? Serás silêncio sempre? E se falares, eu saberei e quererei ouví-la? Virás? Partirá ao mesmo tempo que eu. E não nos veremos mais.
E nche-me de ti. Tenho toda sede que tiver como me saciar. Toca-me bem fundo com sua beleza e com o tanto que quero ouvir-te dizer. É verdade quase total o que te digo, pois nem sei o quanto louco e insano pareço. Quase bobo. Quase bebo o que escorre. Me diga logo que não é possivel sorver de ti. Dois passos meus pra cá e seus três pra outro lado. Onde andará a flor? Será bela pra outros, será ela sem ser minha. Juntos com outros seremos nós? Socorro busco fora de mim mesmo e estendo os braços para você, fiel da minha balança. Neste instante tudo é somente você. Que estranho, chato, inesperado será se não for como quiseres.
"Se alguém te louvava, De gosto me enchia; Mas sempre o ciúme No rosto acendia Um vivo calor Marília, escuta Um triste Pastor. Se estavas alegre, Dirceu se alegrava; Se estavas sentida, Dirceu suspirava À força da dor. Marília, escuta Um triste Pastor." Marília de Dirceu, Tomás Antônio Gonzaga

Tristinho ou Alegrinho

Q ue saisse logo de dentro de mim o que eu queria falar. Não sei se a cena seguinte mudou por causa deste desabafo. Eu não me senti melhor nem pior. Apenas declarei e confesso que me senti um pouco ridículo, no frio todo que está fazendo, me descobrindo assim. Mas é este meu papel nesta história, meio Tristão, meio Dirceu. Senti mais tarde que quanto mais eu me aproximo da vida real, mais impossível fica representar o papel que eu tanto quero e que tantos sonham, noites e dias, o de um homem apaixonado. A esperança é que encontremos alguma saída que me faça crer que nada foi em vão. Sei que chorarei em algum momento desta história, pois eu a considero triste, e eu imagino que já sei o final. Não temos onde representar ou ensaiar e não temos experiência nesta arte. Preferia dar a volta e encontrar com você em outra história, talvez de amizade entre um homem e uma mulher. (Ai! que mulher linda). A arte é exposição de tudo e me expor, mais uma vez te digo, apesar da minh'alma de artis

Segundos

- F aaaala! Gritei pra ela. E ela fingindo interesse: - Nããããão!

Primos

S onhei esta noite com você flor. Estavas de verde e rosa. Seu cabelo brilhava ao sol do inverno que começou. Minha mão esquerda tocou sua mão direita. Suspirei receando que fugisse. Espera! Quero lhe dar algo, entregar um pedaço de mim. Toma, eu disse. E lhe dei um livro todinho escrito por mim. Podes não ser minha, mas és minha musa. Inclusive nos sonhos.

Oras! Sempre as horas

N o entorno da sua blusa verde me entornei e me enrolei ao falar-lhe as primeiras palavras. Ela me fitou com seus grandes olhos. Eu nunca a tinha visto tão tão bela e sedutora. Seu olhar me afastou, mas a vontade de falar-lhe fez resistir e insistir.Ela era a mulher mais linda, com certeza, da festa. Ela sabia disto e não se esforçava. Era naturalmente chamativa sua beleza. Agora que a via de novo tão próxima não sabia o que dizer, onde colocar as mãos. Sabia que se demorasse a falar-lhe, ela seria chamada para novos fotos, eram muitos fotografos que queriam fotografá-la, e eu queria, na verdade levá-la para fora no jardim onde eu poderia dizer que sabia de tudo. Seis meses antes deste encontro as coisas não seriam como agora tão confusas e claras ao mesmo tempo. Eram tempos que havia apenas trabalho em minha cabeça e agora, cansado, era a hora de descansar em algo. Os dias, naquele tempo tão quentes, eram mais longos e quando eu chegava e a encontrava em casa, era como se meu mundo me

Se eu, ou se...

S e me pedires. Se me permitires. Se me olhares. Se me tocares. Se puderes. Me pedir. Me mandar. Me enviar. Eu irei. Eu virei. Eu falarei. Eu arrepiarei. Eu poderei te falar tudo. Se quiseres ouvir.

Agora, depois das águas

V ocê é a pedra que vi no meio do mar. Ele me tinha. Deixei que suas ondas me levassem, como sempre. Mas, mal ele sabia, que eu já te via entre espumas de suas ondas. Vagas. Não me sentia náufrago, já que eu dormia, embalado por aquele mar. Sua maresia me inspirava a ir mais longe. Eu sabia que devia. Mergulhei várias vezes, olhei pra cima e vi. Luz do sol entre suas águas. Eu tinha que sempre voltar? Eu não sou do mar, minha natureza não me enganaria. Eu te veria! Várias ilhas, rochedos, continentes há neste mar. Eu tenho onde ir. Agora não há escolha minha pequena rocha. Depois do toque em suas bordas e depois de vê-la em pleno poder em meio a tantas águas. Preferi te abraçar como quem encontra salvação. E porventura não eres? Olho de volta para o mar e sei que terei que voltar. Escolho agora lucidamente e loucamente. Me deito sobre ti.

Ai! Tô vivo!

T inhas razão minha flor, quando me disseste que ainda a veria sem a coberta da paixão. Te confesso, não creditei a você a experiência em ver através do véu que está sob seus olhos. Pintei hoje as casinhas pra que você escolhesse a que mais gostasse. Imaginando-te deitada ali e ouvindo as músicas que compus pra ti. Te afirmo com todas as letras: todas as palavras vieram por sua causa. Ter em outra é possível, eu sei, mas em ti a emoção abalou meu ser minha flor. Silêncio na distância é o muro que escolheste para não me deixar passar, mas o que faço se quanto mais eu me calo, mais me dá vontade de ter. Tens razão ainda se me falas de que elas virão comigo, as damas da noite. Mas se elas não me atraem com seu perfume, o que eu faço se teu cheiro é que me inspira? Andar por aí procurando seu sinal, seu rastro, uma imagem sua antiga que seja, parece um jogo cansativo para quem já não tão bem caminha. Não é a idade, meu bem, é a certeza que você tem razão de novo quando me dizes que me enga

Duro é saber que uma hora páro de sentir

O s cachos de banana estão quase maduros e talvez Paulinho venha buscar o seu que lhe prometi. Quando saí para procurar a lua, lembrei que prometi a ele, já vão quase dois meses. Sempre aspiro alua pra dentro de mim quando preciso de ar. Falta oxigênio no cérebro destes loucos que não param de pensar. Fiz bacalhau hoje. Não paro de pensar um minuto em escrever. Já vão seis dias que as palavras saem de dentro de mim. Li certa vez que escrever doia. Nunca entendi assim, pois pouquissímas vezes me doeu tanto escrever quanto tem sido. Meu filho disse que o bacalhau ficou um pouco salgado. Também com tanto sal no mar, eu lhe disse. Li também que escrever era como ter um filho, um parto. Algo que sai de dentro de mim meio arrancado, já não quero muitas vezes que nem exista alguns sentimentos. Negação. Sobrevivemos como podemos. Que saudade do quê não sei. Talvez seja saudade da incerteza. Da certeza do nada, da feliz coincidência em tudo. Em todos que encontrei e que me diziam algo novo como

To be continued

Tânia e a Fonte Seca R esolveu parar. Havia dirigido, pensando nela, é claro, durante muito tempo. Não tinha certeza se teria combustível suficiente para atravessar um imenso deserto que agora ele via pela frente. A noite era fria. Embora a lua estivesse minguando, como suas forças, o clarão fazia aparecer sombras aqui e ali. Dirigir a noite sempre foi um problema que tentava evitar pois exigia uma concentração muito grande, sua cabeça dilatava. O esforco para se concentrar na estrada era enorme, esforço que ele não queria . Sua atenção estava quase toda voltada durante toda a viagem as últimas palavras que ele ouvira dela. Estivera com ela muito próxima de seu rosto, chegou a aspirar do mesmo ar que respirou. Olhou seu perfil meio duro, seria sofrida? Era bonita sem dúvida, estava descobrindo outros pontos de seu corpo para que gostasse mais ainda dela. Os seres humanos são assim, pensou ao se notar observando sua orelha, seus cabelos cacheados, suas pintas, seus detalhes. Detalhes. O

Adelmo Campos for Red and Blues

F icaram velhas depois que foram deixadas no fundo do porão da casa. Nos dias que a porta se abria, elas olhavam para a luz que entrava, amarelada, cor de sol forte, e viam, junto com a poeira que se levantava, a silhueta que achavam ser dela. Mal viam direito quem era e o vulto ia embora deixando-as vê-lo apenas pelas costas. Muitas vezes, quando se reuniam, nos inícios da manhã, que o inverno fazia estar especialmente fria, reuniam-se e trocavam suas impressões sobre os acontecimentos últimos, idéias de vida longa, sorrisos raros e se achavam eternas. Etéreas que eram, na verdade, tinham vida apenas quando a porta se abria. Certa manhã quando acordaram, mal tiveram tempo de abrir seus olhos. Ouviram apenas o barulho da porta se abrindo. Foram colocadas em uma caixa de papelão, que cheirava ardido e doce, mijo de gato e mofo, como costuma ser este tipo de cheiro, abafadas para não gritarem. Depois viram uma luz forte vindo de uma fresta da caixa, e acharam que enfim veriam-na sob a lu

Adelmo Campos, eu mesmo

S empre penso, quando leio Adélia Prado, como ela criou aqueles poemas maravilhosos, que nos fazem abrir a porta à paixão. Que nos levam pra dentro de jardins, no meio de árvores com frutas, cheiro de terra molhada e mulheres nas varandas. Quando leio Adélia, é como se eu falasse de dentro do meu coração. Adélia você viveu tudo isto? Sentiu o coração disparar e quase parar quando se apaixonou com perdição e sem permissão? Quase chorou ao imaginar que não veria o outro da sua vida e nem teria para sempre o outro? Qual paixão viveu Adélia? O encontro de olhares de cumplicidade, o tesão ao se aproximar sem mais nem menos, meio animal. Sem raciocínio lógico. Lógico que pensando somente no outro. Você sentiu amor eterno e imaginou a caminhada lado a lado? Fez contas do tempo sem se importar se não o tivesse? Você me faz voar Adélia. Meu rosto fica quente e enrubesço quando leio seus íntimos poemas. Arranca de mim um pedaço que acabaria eu doando para outro. É como uma mordida que dou nas co

Adélia Prado, a própria

PARA O ZÉ Divago, quando o que quero é só dizer te amo. Teço as curvas, as mistas e as quebradas, industriosa como abelha, alegrin ha como florinha amarela, desejando as finuras, violoncelo, violino, menestrel e fazendo o que sei, o ouvido no teu peito para escutar o que bate. Eu te amo, homem, amo o teu coração, o que é, a carne do que é feito, amo sua matéria, fauna e flora, seu poder de perecer, as aparas de tuas unhas perdidas nas casas que habitamos, os fios da tua barba. Esmero. Pego tua mão, me afasto, viajo pra ter saudade, me calo, falo em latim pra requintar meu gosto: "Dize-me, ó amado da minha alma, onde apascentas o teu gado, onde repousas ao meio-dia, para que eu não ande vagueando atrás dos rebanhos de teus companheiros". Aprendo. Te aprendo, homem. O que a memória ama fica eterno. Te amo com a memória, imperecível. Te alinho junto das coisas que falam uma coisa só: Deus é amor. Você me espicaça como o desenho do peixe da guarnição de cozinha, você me guarnece,

Vermelhos e Azuis

E stranho achar que ouvi algo, quando nem mesmo houve o que pudesse contar mais tarde. Achei que poderia contar uma história e viver outra enquanto recebia daqui minhas melhores memórias. Senti que precisava e precisava eu também. Mas confesso que tudo é um pouco do sutil engano do necessitado: ter o que não terei. E nem poderei dar-me. É apenas mais uma piada da vida. Não deixa de ter graça, esta sua graça. Que graça! Confesso também que continuo a querer lhe mostrar meu mistério, meus segredos. Deixar você na dúvida. Para encontrar em outros a resposta. O que tem dentro de você? A gente nunca sabe. Apenas nos dando descobrimos que o outro é um espelho. Meio distorcido, apenas isto. Nada mais. Poderia ter sido mais. Eu nunca vou entender. Mas gostei de seus olhos, sua cor, seu corpo, sua voz. Dizer isto dói. Ter motivos para dizer mais ainda. É tudo uma loucura. Um suspiro existe sempre, mas o que inspira nem sempre. Queria mais. Bem mais. E isto para quê, por quanto tempo? Chega de t